Hércules – O diário de um (quase) herói 

Cinthia Carvalho

O plano é o seguinte: convencer algum adolescente a ler um livro. Difícil? Talvez. Mas esse aqui tem monstros, mitologia grega e o caos do Ensino Fundamental. Vale a tentativa.

Hércules, um garoto de 11 anos, em breve irá encarar um novo desafio: começar o 6º ano. Inicialmente, ele não vai enfrentar isso sozinho — conta com seu trio inseparável: o amigo Pav e a amiga Hatty. Ele está super ansioso e está empreendendo todo o seu esforço para ser o mais popular da escola. É claro que, para isso, ele já elaborou o que chama de “esquema”. E spoiler: envolve muitos riscos, algumas decisões questionáveis e um chapéu estiloso (na visão dele, pelo menos).

Tem o Natheus, que é massa (mas quem raios é esse?), um monstro no lago (real oficial), uns amigos que pensam rápido demais, tipo no 220v — o que não quer dizer que pensam certo, kkk. A turma vai encavalando uma sequência de ideias malucas, tudo na missão de virar os queridinhos da escola (e como faz isso? Com um chapéu irado, óbvio!).

Às vezes, parece que o Hércules é meio predestinado, e suas aventuras soam familiares demais… Seriam os 12 trabalhos de Hércules do nosso Herc? 👀 Coincidência? Acho que não.

No fundo, ele só quer se destacar nessa escola nova — mas o padrasto, que também é professor por lá, não ajuda em nada. Gente boa, mas muito brega (e isso pega mal na frente dos colegas, né?). Tentando justificar uma das confusões que apronta, Hércules comenta com a mãe que, com um nome daqueles, não tinha como ele ser um otário. E ela responde — o que já é raro, porque quase nunca fala sobre o pai biológico dele — que quem escolheu o nome foi o pai, que, segundo ela, era uma espécie de rockstar. Pronto. Foi o suficiente. Sem falar nada pra mãe, ele decide escrever uma carta para esse pai sumido, que agora ele imagina ser uma estrela do rock… na Grécia. Sério.

E o mais doido? Mesmo quando ele tem a chance de fazer coisas grandonas, nível “mitologia grega”, o Hércules usa as oportunidades pra tentar agradar os outros — sempre naquela esperança de ser notado, de finalmente “ser popular”. Como se só assim ele pudesse ser alguém.

Aliás, já falei que o Natheus é o melhor? Brabo demais. Pra ele, ser popular não é uma questão. Porque o que move essa história não é só o desejo de fama, mas a relação entre os personagens, as furadas que eles enfrentam juntos e os aprendizados que vão se infiltrando no meio da bagunça.

Esse livro é tipo um espelho meio torto da adolescência: confusa, barulhenta, cheia de ideias ruins que parecem ótimas. Mas também é sobre amizade, amadurecer e descobrir o valor próprio — mesmo quando a gente acha que precisa de aplausos pra se sentir importante.

Hércules: o diário de um (quase) herói é uma mistura de mitologia, comédia e crise existencial versão mirim. Perfeito pra quem tá no Ensino Fundamental (ou já passou por lá e quer rir das lembranças). Leitura leve, rápida e cheia de situações que todo mundo já viveu — ou vai viver.

No fim das contas, a maior aventura de Hércules não é enfrentar monstros mitológicos, mas se encontrar no meio do caos que é crescer.

Ah! E um salve especial para Tom Vaughan, que claramente sobreviveu (e muito bem) ao Ensino Fundamental e conseguiu traduzir com leveza e bom humor os medos, expectativas e confusões dessa fase de transição. E para o ilustrador David O’Connell, que trouxe uma perspectiva visual sagaz e divertida, ajudando a contar essa história com ainda mais ritmo e carisma.

Li alguns trechos do livro para a minha turma do 5º ano e o sucesso foi imediato. Risos, identificação e até comentários do tipo: “Acho que vou querer ler esse aí, hein, professora.” E se depender do Hércules, vai ter muita gente encarando o 6º ano como uma jornada de herói também.

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