TEMPESTADE DE ÔNIX, DE REBECCA YARROS

Maísa Carvalho

“Não preciso de espada porque a arma sou eu.”

Em Tempestade de Ônix, terceiro livro da série O Empiriano, Rebecca Yarros deixa de lado os corredores da Escola de Guerra Basgiath para nos lançar diretamente nos horrores — e fascínios — de uma guerra travada com dragões. Se você achou que já havia explorado os céus ao lado de Violet Sorrengail e seu dragão, Tairn, prepare-se para voos mais altos, decisões mais sombrias e consequências muito mais dolorosas.

Lançado em meio a uma onda de empolgação coletiva, com edições especiais sendo produzidas em larga escala, Tempestade de Ônix chega como um dos lançamentos mais aguardados do ano. Ainda assim, ele não se apoia apenas no hype: oferece crescimento, amadurecimento e uma expansão significativa do mundo criado nos volumes anteriores.

Uma dança entre os dragões

A trama retoma a jornada de Violet e Xaden já em meio à ação, exigindo do leitor uma memória afiada ou uma rápida recapitulação dos livros anteriores — algo que pode tornar as primeiras cem páginas mais desafiadoras, especialmente para quem não está imerso no fandom. No entanto, uma vez restabelecida a conexão com o universo, a leitura desliza como uma dança aérea entre dragões.

E que dragões! A alma da série continua sendo esses seres majestosos — especialmente Tairn, o dragão rabugento, e a jovem e impetuosa Andarna. Rebecca não os trata como meros meios de transporte voadores: são personagens com suas próprias regras, cultura e afetos. A construção dessa sociedade dracônica e sua interação com os cavaleiros é um dos pontos altos do livro.

Tempestade de Ônix também acerta ao equilibrar o romance com os elementos clássicos da fantasia militar. Violet e Xaden continuam no centro da história, mas sem sufocar a presença dos coadjuvantes, como Ridoc, responsável por grande parte do alívio cômico.

O tom do livro amadurece junto com seus personagens. A guerra, agora, é real, com consequências físicas e emocionais retratadas com sensibilidade. Rebecca se destaca ao mostrar que os heróis não saem ilesos. A dor crônica de Violet, seu luto e sua reabilitação são tratados com respeito, fugindo da romantização do sofrimento e contribuindo para a construção de uma heroína complexa.

Para quem busca ação, tensão, uma pitada de romance e — é claro — dragões, Tempestade de Ônix cumpre seu papel. Não pretende ser alta literatura, mas entrega uma experiência de leitura viciante, divertida e, por vezes, até emocionante. Pode não ser a melhor leitura do ano para todos, mas é uma leitura que aquece o coração de qualquer fã de fantasia — e acende ainda mais a expectativa para os dois volumes finais da saga.


📚 Classificação indicativa: 16 anos +

⚠️ Aviso de conteúdo sensível:

Este livro contém:

  • Cenas de guerra com violência gráfica
  • Morte de personagens importantes
  • Tortura física e psicológica
  • Descrições de dor crônica e trauma
  • Cenas de sexo explícitas

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