Com linguagem acolhedora e reflexões profundas, livro “5 Minutos de Terapia” mostra que saúde mental pode (e deve) caber na sua rotina
Descubra, passo a passo, como pequenas pausas podem levar a grandes transformações

No livro 5 Minutos de Terapia, a psicoterapeuta irlandesa Sarah Crosby propõe um caminho de reconexão com quem realmente somos. De forma simples, direta e afetuosa, ela nos guia por temas fundamentais do bem-estar emocional, como autoconhecimento, vínculos afetivos, inteligência emocional, autocuidado e cura. Mais do que teoria, a obra é um verdadeiro manual prático de saúde mental — com reflexões acessíveis, exercícios aplicáveis ao dia a dia e uma proposta ousada: com apenas cinco minutos por dia, você pode iniciar transformações profundas na sua vida emocional.
O grande diferencial do livro está na forma como Crosby traduz conceitos psicológicos complexos em uma linguagem leve, amigável e cheia de empatia. Com capítulos curtos, a autora nos convida a fazer pausas para refletir, respirar e observar como nos tratamos, como nos relacionamos e como reagimos ao mundo. É um daqueles livros que acolhem sem julgar, como um abraço na alma — e ainda com ferramentas práticas para momentos de crise, sobrecarga ou confusão emocional.
Logo no início, Crosby nos provoca com uma pergunta essencial: “Quem é você quando não está tentando agradar ninguém?”. Essa investigação sobre nossa identidade, livre de máscaras e expectativas externas, é o ponto de partida para o autoconhecimento. A autora mostra que, para nos transformarmos de verdade, precisamos primeiro nos enxergar com curiosidade e não com crítica — entender os padrões que repetimos, os papéis que assumimos e as emoções que evitamos sentir.
Eu, por exemplo, encontro muito desse autoconhecimento na corrida de rua. Quando corro, sou forçada a escutar meu corpo e minha mente. Cada passo revela algo sobre mim — minha força, minhas inseguranças, minhas alegrias escondidas. Muitas vezes, durante um treino, percebo que estou ansiosa, sobrecarregada ou me cobrando demais. A corrida vira uma espécie de espelho: nela, reconheço emoções, elaboro pensamentos e volto a me encontrar. É como Sarah diz: o cuidado com a saúde mental começa na escuta interna e pode acontecer até nos momentos mais simples.
Em outro momento impactante do livro, a autora mergulha na teoria do apego, explicando como nossas experiências na infância moldam a forma como nos conectamos afetivamente. Ela apresenta os estilos de apego (ansioso, evitativo, seguro) e ensina como identificá-los e transformá-los. O capítulo é um convite à honestidade: quais padrões estamos repetindo em nossos relacionamentos? Que carências estamos tentando preencher? Como nos comunicar melhor com quem amamos — e conosco mesmos?
Ao longo da obra, Crosby também desconstrói a ideia de que autocuidado é algo superficial ou luxuoso. Autocuidado não é só um banho relaxante — é saber dizer não, descansar, se alimentar bem, colocar limites e se escolher todos os dias. Para mim, correr está diretamente ligado a isso. Mesmo nos dias mais difíceis, quando saio para correr, não estou buscando performance — estou escolhendo a mim mesma. Estou dizendo: “minha saúde importa, meu corpo importa, minha paz importa.”
Outro ponto alto do livro é a forma como a autora trata a autorregulação emocional. Sarah nos ensina a identificar nossos gatilhos e compreender por que certas situações nos afetam tanto. Ela mostra que, muitas vezes, nossas reações não são proporcionais ao que está acontecendo no presente — mas sim ecos de experiências passadas. Com práticas como o “check-in emocional” e o “grounding” (técnica usada para ajudar uma pessoa a se reconectar com o momento presente), ela nos ensina a respirar fundo, voltar ao presente e responder com mais consciência.
Isso me lembra muito a experiência de estar no meio de um treino puxado. A vontade de desistir, às vezes, não é só física — ela carrega medos antigos, perfeccionismo, autossabotagem. Quando observo isso sem julgamento, consigo seguir. Aprendi que não preciso ser dura comigo. Preciso ser honesta, gentil e corajosa.
Sarah Crosby também fala sobre o processo de cura — e o faz com uma delicadeza rara. Ela reforça que curar-se não é esquecer, é transformar. É carregar a dor com mais leveza e consciência. É reconhecer os traumas, mas não deixar que eles definam o nosso presente. A terapia, o tempo, as relações e a autocompaixão são parte desse caminho. E tudo começa pela decisão de cuidar de si, um pouquinho por dia.
O capítulo final é um chamado para o mundo: como ser um bom amigo? Como construir relações com presença, escuta e empatia? Sarah mostra que relacionar-se bem com os outros exige que a gente esteja bem com a gente mesmo. Estar disponível não significa se anular. Ser um bom amigo também envolve saber cuidar dos próprios limites.