Amor, poder e política em “Inimigo Imortal”

Renata Pinheiro

Cresci cercada por histórias vampirescas e, inclusive, o livro que me fez mergulhar de vez na leitura foi Crepúsculo — e eu não tenho vergonha nenhuma de assumir isso. Só que os anos passaram e, com eles, veio também uma exigência maior. Eu me afastei desse tipo de enredo porque tudo parecia girar em torno de romances previsíveis, personagens rasos e uma mitologia repetida à exaustão.

Um novo fôlego para a mitologia dos vampiros

Nos últimos tempos, porém, tenho acompanhado com entusiasmo essa nova fase das narrativas com vampiros: mais sombrias, politicamente complexas e ousadas na construção de mundo. Inimigo Imortal é o exemplo perfeito de como o gênero pode evoluir e continuar arrebatador!

A história acompanha Kidan Adane, uma jovem órfã que carrega nas costas um passado de perdas e um presente movido pela urgência de reencontrar a irmã desaparecida. Ela acredita que o responsável seja Susenyos Sagad, um dranaico (o termo que a autora usa para vampiros neste universo) ligado à sua família por um vínculo que mistura poder, política e rancor.

A única forma de seguir as pistas é se infiltrar na Universidade Uxlay, um lugar criado para garantir uma suposta coexistência pacífica entre humanos e dranaicos. Só que esse espaço é, na verdade, um campo de batalha repleto de intrigas, rivalidades e segredos.

A autora não se contenta em usar o clichê “inimigos que se apaixonam” de forma superficial. Aqui, o ódio entre Kidan e Susenyos é real, sustentado por feridas, preconceitos e falta de confiança. Não existe aquela química instantânea que ignora as motivações dos personagens; o romance, quando começa a insinuar-se, nasce da tensão, do embate e das contradições. E Susenyos, com seu humor ácido, tem aquela aura irresistível que me lembrou um Damon Salvatore (Diários do Vampiro) mais enigmático, menos teatral e muito mais perigoso!

A casa que respira, julga e interfere no destino

A casa da família Adane não é apenas cenário da história: é um organismo com vontades próprias, que reage, protege e repele quem a ameaça. É como se tivesse memória e julgasse cada ação dos moradores. Esse recurso, que poderia facilmente ser mal explorado, aqui se torna parte essencial da narrativa — amplificando a tensão entre Kidan e Susenyos e servindo como espelho dos conflitos internos de cada um.

A escrita da Tigest é viciante. Com uma narrativa em terceira pessoa, ela constrói cenas no ritmo perfeito, alternando diálogos com descrições que não são apenas bonitas, mas funcionais para a atmosfera dark academia da trama. Há um cuidado especial em dar consistência a cada elemento — da política entre as casas fundadoras à forma como a magia é construída e explorada. É o tipo de escrita que, enquanto você lê, percebe que está nas mãos de alguém que sabe exatamente onde quer chegar.

Kidan é determinada e corajosa, mas também comete erros que me deram vontade de fechar o livro e respirar fundo antes de continuar. Susenyos é brutal e egoísta, mas também é capaz de gestos que desestabilizam a imagem que temos dele. É nesse terreno instável que a história cresce, e é por isso que ela é tão envolvente e apaixonante.

Entre amor, política e imortalidade

É uma fantasia dark que entende o peso da palavra “imortal” e a traduz em política, poder, amor e violência. Ao fechar o livro, não foi só a curiosidade pela continuação que ficou, mas também aquela sensação de ter encontrado uma obra que me lembra por que me apaixonei por histórias de vampiros — e, ao mesmo tempo, me mostra como elas ainda podem me surpreender.


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