Como Matei Minha Querida Família: vingança com humor afiado

Como Matei Minha Querida Família, escrito por Bella Mackie e publicado no Brasil pela Darkside Books, é um thriller que impressiona pela ousadia e inteligência de sua narrativa. A história acompanha Grace Bernard, uma jovem marcada pelos conflitos emocionais. Ela é filha de um milionário egocêntrico e ausente, e de uma mulher que enfrentou as durezas da vida sozinha. Essa combinação tóxica de abandono e frieza foi o estopim para que Grace cultivasse, ao longo dos anos, uma raiva meticulosa, e elaborasse um plano de vingança cuidadosamente arquitetado contra sua própria família.
Entre a prisão e o passado: a construção de Grace Bernard
O livro se estrutura de forma ágil e envolvente, alternando entre o confinamento da prisão onde Grace se encontra e os episódios do passado que explicam como ela chegou até ali. Entre confissões e memórias, o leitor mergulha na mente afiada e implacável de uma mulher que decidiu fazer justiça com as próprias mãos. A escrita de Mackie é marcada por um humor inteligente e um ritmo que prende.
Ao longo da trama, Grace mostra que sua sede de vingança é também um grito contra a hipocrisia de um mundo pautado por privilégios masculinos, riqueza imune à consequência e aparências vazias. Sua voz narrativa é envolvente, provocativa e desconcertante, desafiando o leitor a reavaliar constantemente sua posição diante dos acontecimentos.

Entre empatia e desconforto: o fascínio pela anti-heroína
É impossível sair ileso dessa leitura. Em um primeiro momento, há até uma certa identificação com Grace, talvez um resquício de empatia por sua história de dor e rejeição. Mas, à medida que a história avança, essa proximidade se transforma em estranhamento. É uma espécie de fascínio desconfortável pela frieza com que ela executa cada etapa de sua vingança. Esse jogo emocional é um dos pontos altos do livro: a tensão constante entre o que é correto e o que é justificável.
E não é só no papel que Grace Bernard vai deixar sua marca. A obra ganhará uma adaptação em formato de série pela Netflix, com Anya Taylor-Joy no papel principal. A produção, que conta com roteiro de Emma Moran (criadora da série Extraordinária), foi anunciada em grandes festivais internacionais e promete transportar para as telas toda a complexidade psicológica e o humor ácido do livro. A expectativa é alta, especialmente pelo talento envolvido e pelo potencial cinematográfico da história.
Sombrio, provocador e impossível de ignorar
No fim, Como Matei Minha Querida Família é um mergulho sombrio e fascinante na mente de uma anti-heroína que recusa o papel de vítima. É uma história provocadora, divertida e cruel — um thriller psicológico que instiga, perturba e, ao mesmo tempo, diverte, como um espelho distorcido da sociedade em que vivemos. Uma obra corajosa, com identidade própria e que merece todos os elogios por sua originalidade.

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