Alice no País das Ideias: uma jornada filosófica sobre como viver

Iveth Duque

Este livro tem tudo para se tornar um clássico da ficção francesa, no qual literatura e filosofia se entrelaçam de forma singular. De um lado, uma viagem ao país das ideias; de outro, uma descoberta ímpar, só possível pelo conhecimento e pelo tempo.

Alice, menina dos tempos atuais, busca responder à pergunta essencial: ‘como viver?’. Uma questão simples na forma, mas profunda na vivência. Uma das maneiras de penetrar essas camadas é por meio de nossa própria história, cujos conceitos foram moldados, transformados e intensamente debatidos ao longo do tempo.

A viagem ao País das Ideias nos conduz para além da mera formulação de perguntas, como, por exemplo, “como viver?”. Ela nos revela as inúmeras camadas do iceberg chamado filosofia, em que a dualidade não é obstáculo, mas condição para que o debate se mantenha fecundo, vasto o suficiente para nos levar a pensar não apenas sobre a realidade, mas também sobre o modo como a percebemos e o que escolhemos fazer com ela.

Ao final de cada capítulo, Alice registra em seu diário e também reflete sobre a pergunta-chave: ‘qual é a frase para viver?’. Em uma das partes do diário, vemos como Alice mergulha no mundo e, ao mesmo tempo, ainda aprende a caminhar por ele:

Diante da constante tensão entre ideias, percebemos que o xeque está sempre sendo lançado. O entendimento da filosofia, portanto, vai além da abstração conceitual: percorre toda a estrutura de pensamento de cada autor. Alice fica brava, não quer mais passear no país das ideias, porque sua ideia ainda não foi respondida.

Na passagem a seguir, vemos uma conversa da Alice com a Rainha Branca, chefe do país, que orienta os visitantes e supervisiona essas viagens. E esse diálogo nos mostra o poder das ideias:

Enquanto Alice se perde e se reencontra nas ideias, lá fora o mundo parece ignorá-las, um reflexo da indiferença que hoje se espalha nas redes e nos debates rápidos, como mostra o podcast mirim.

Isso porque, recentemente, viralizou no YouTube um vídeo em que um adolescente de cerca de 12 anos, em um podcast mirim, finge uma astúcia precoce e declara: “Para que ler Aristóteles? Não serve para nada.” (Confesso, caros leitores, que nem sabia que esse tipo de podcast existia.) Diante dessa cena, teria a ruptura do país das ideias:

Esse episódio ilustra o espírito utilitarista que permeia os tempos atuais e nos leva a um ponto de inflexão: a redescoberta da importância do “inútil”.

Paradoxalmente, é apenas quando algo se apresenta como inútil que pode revelar sua utilidade mais profunda. Estudar filosofia é, nesse sentido, um ato de resistência, que se sustenta por pelo menos três razões:

A Rainha Branca explica a Alice que a filosofia é essencial não apenas para compreender a vida, mas porque é a partir da vida das ideias que existe avanço. O País das Ideiassó existe porque o desacordo é necessário.

A viagem é longa e cheia de nuances, e Alice vai se transformando à medida que caminha. A jornada começa com Sócrates e passa por Platão, Epicuro, os hebreus, Confúcio, Hipácia, Avicena, Montaigne, Freud, Nietzsche e tantos outros.

No fim da viagem, Alice recebe outras surpresas, talvez as mais belas do livro, quando o diário do autor apresenta cinco regras que Alice deve viver para compreender “como viver”, retomando todo o percurso ao país das ideias:

Em uma das entrevistas, Roger-Pol Droit explica a sua motivação para escrever esse romance filosófico deliciosamente encantador:

Com uma linguagem ímpar, a leitura fluida torna-se uma verdadeira jornada. Somos todos um pouco Alice: convidados a mudar, refletir, agir e, principalmente, a tentar encontrar o nosso próprio progresso.

E você? Está disposto a atravessar o País das Ideias, questionar o que pensa saber e descobrir qual seria a sua própria ‘frase para viver’ ou seguirá se contentando com respostas prontas?


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