No Meio da Noite: Thriller Sobrenatural na New Jersey dos Anos 90

Érika Monteiro

Riley Sager é um autor conhecido em todo o mundo por seus thrillers envolventes. Um de seus maiores sucessos é O Massacre da Família Hope. Agora, a Intrínseca traz ao Brasil No Meio da Noite, uma história estranhamente sobrenatural ambientada na Nova Jersey dos anos 1990.

A história

Trinta anos antes, Ethan Marsh, então com 10 anos, estava acampando no quintal de sua casa em Hemlock Circle, nos subúrbios de Nova Jersey, junto com Billy, seu melhor amigo — e ele simplesmente desapareceu. Quando o menino acordou pela manhã, seu parceiro de aventuras não estava mais na barraca. Mais estranho ainda: havia um corte rasgando-a de cima a baixo. Isso fez com que todos acreditassem que Billy havia sido sequestrado.

O tempo passou, e a família Barringer, assim como todos naquele bairro sossegado, continua sem resposta. Quem faria algo a uma criança inocente? Por que Billy não gritou enquanto era levado? Ele foi sequestrado pelo estranho que rondava a floresta? E, o mais intrigante: como Ethan, deitado ao seu lado, dormiu tranquilamente a noite inteira e não percebeu nada?

O retorno e os eventos sobrenaturais

Agora, Ethan está de volta à sua antiga casa. O que era para ser um retorno tranquilo se transforma em uma sequência de eventos assustadores. As luzes dos vizinhos começam a piscar em sincronia durante a madrugada, bolas de beisebol aparecem misteriosamente em seu quintal, seu vizinho afirma ter visto Billy caminhando em direção à floresta e, ainda mais estranho, após instalar câmeras de segurança no quintal, Ethan registra vultos, sombras e sente uma presença que o faz pensar ser o espírito do seu melhor amigo.

É possível que Billy tenha morrido e se tornado um fantasma? E por que ele está de volta? Ethan é assombrado desde a infância por um pesadelo que o faz reviver a noite do sequestro ano após ano — sempre acordando tremendo, sem ar e encarando o corte na lateral da barraca. Isso o incomoda de tal maneira que o força a investigar por conta própria o que realmente aconteceu no verão de 1994.

Os personagens

Riley Sager construiu personagens marcantes e complexos. Ou seja, conforme a história evolui, é possível entendê-los e ver camada por camada sendo revelada. É fácil se identificar com uma mãe que se sente sobrecarregada por cuidar da casa, dos filhos e ainda tentar ter tempo para si mesma; com o jovem que sente a cobrança e a pressão dos pais para ser um bom filho, bom aluno e entrar em uma universidade renomada; com a criança excêntrica que, por isso, é excluída, mas cujo único pensamento é ser aceita; ou ainda com a mulher que deseja construir uma carreira, mas é desanimada pelas amigas, que dizem que ser apenas esposa é suficiente.

Billy, sem dúvidas, está na lista de personagens que gostaríamos de conhecer. Ele é aquela criança curiosa, que vive na biblioteca e tem um gosto peculiar pelo sobrenatural. Desde que encontrou O Livro Gigante de Fantasmas, Espíritos e Outras Assombrações, seu fascínio só aumentou. O garoto passa os dias debruçado sobre o livro, estudando e aprendendo onde fantasmas podem ser encontrados.

A singularidade de Henry

Henry, também com 10 anos, é igualmente peculiar. Seus interesses envolvem animais, planetas e dinossauros. Ele também é fã da série de livros Goosebumps; um dos primeiros que lê é O Lobisomem do Pântano da Febre. Seu comportamento é bem diferente do dos meninos de sua idade. A maneira como ajeita os óculos no nariz, como se comunica com as pessoas e seu amplo vocabulário impressionam. Em várias cenas, me imaginei conversando com esse garoto — um pequeno gênio.

Ethan, por sua vez, é um adulto cheio de traumas. Desde o desaparecimento de seu melhor amigo, quando criança, sua vida tomou um rumo que jamais imaginou. Ele sofreu em diversos momentos, e isso o tornou cético, pessimista e sem grandes perspectivas. Porém, é interessante perceber como o autor o molda desde a infância e o transforma ao longo da história. É um personagem inquieto e, ao mesmo tempo, tão real que é fácil sentir empatia e torcer por um final feliz.

A escrita do autor

Esse foi meu primeiro contato com a escrita de Riley Sager, e me senti envolvida página após página. Desde o primeiro capítulo, ele consegue manter o leitor curioso, imerso e empenhado em buscar respostas. Os momentos de suspense ou sobrenaturais são capazes de nos fazer sentir um frio na barriga, como se estivéssemos vendo a cena de um filme (ou fazendo parte dela).

Os capítulos alternam passado e presente, o que traz movimento à história. Além disso, Sager conseguiu criar uma impressionante sequência de plots. Desde o início, criamos uma teoria sobre o que pode ter acontecido com Billy; no entanto, ela vai mudando conforme o autor revela mais detalhes. Durante a leitura, criei cinco teorias — e nenhuma delas estava correta. Foi uma surpresa perceber que não cheguei nem perto da verdade.

Outro ponto interessante diz respeito aos temas abordados em segundo plano, como o uso de drogas, maternidade, carreira, luto, amizade, ocultismo e segundas chances. O modo como tudo se conecta no final, sem deixar pontas soltas, foi feito com maestria.

A solidão de ser mãe e dona de casa

Apesar de os capítulos se alternarem, grande parte da história acontece em meados dos anos 1990, o que nos transporta aos costumes daquela época, quando o marido era o provedor e a mulher responsável pelo cuidado da casa e pela educação dos filhos. No entanto, conforme os filhos iam crescendo, a mãe perdia a sua “utilidade”. Pelo menos era esse o sentimento de Joyce, mãe de Ethan, quando o menino começou a mostrar independência. Esse foi o principal motivo para ela buscar um emprego.

Joyce cresceu vendo a mãe limpar, passar, cozinhar, cuidar de tudo e ensinar à filha que deveria fazer faculdade, encontrar um bom marido e ter a própria casa. Assim, após conhecer o pai de Ethan e marcarem o casamento, ela acredita que não precisa mais estudar e tranca a faculdade, dedicando-se em tempo integral à família.

Buscando um novo propósito

No entanto, agora que tem uma casa espaçosa, um carro e mora num lugar seguro, Joyce espera encontrar um novo propósito. Aquela antiga vida não a preenche mais, e ela não se sente realizada. Ela quer ser útil. Suas vizinhas, porém, não veem motivo para que Joyce mude a rotina — todas são igualmente donas de casa e cuidam dos filhos.

Esse é um tema delicado que divide opiniões. Por um lado, há mulheres que se sentem realizadas construindo uma família; por outro, há aquelas que sonham com uma carreira. Porém, a sociedade sempre encontra uma maneira de julgar ambas as decisões. É possível se sentir completa sendo apenas dona de casa? O que acontece com a vida de uma mãe quando os filhos descobrem o próprio caminho? Como preencher esse vazio?

Mães e diferentes formas de cuidado

Em No Meio da Noite, o autor nos apresenta algumas mães em diferentes situações: a que fica preocupada constantemente e acredita que algo de ruim vai acontecer aos filhos; a que espera que o filho amadureça e saiba cuidar de si mesmo; a que não faz ideia de onde o filho anda; a outra que nem imagina as festas que a filha frequenta; e a mãe de Ethan, que percebeu o quanto o menino se diverte mais com a babá e se distanciou dela.

Lara Nesteruk, em diversos momentos, diz que a principal razão de acordar todos os dias é sentir-se útil, perceber que muitos dependem dela — e isso a faz continuar. Acredito que, mesmo escolhendo a maternidade, é necessário definir outros objetivos, pois mais cedo ou mais tarde a casa ficará vazia. Se não houver outra razão de viver, a mãe tende a sentir-se solitária.

O tempo como amparo para o luto

No desenrolar da história, o autor aborda o luto em quatro momentos diferentes e mostra como as pessoas reagem de maneira distinta à mesma situação. A tristeza pela perda de alguém que gostamos pode nos marcar de tal forma que se torna uma ferida aberta, sempre sensível e dolorosa. É nossa decisão viver o luto e esperar que essa dor diminua.

Quando meus pais se separaram, minha mãe voltou a morar com a minha avó; ela cuidava de mim e da minha irmã. Isso fez com que, até quase os 10 anos, eu fosse muito apegada aos meus avós. Eles compravam gibis, discos infantis, doces, me ensinaram a andar de bicicleta e são responsáveis por várias lembranças que trago comigo. Quando ela faleceu, foi um dos dias mais tristes que já vivi. Durante muito tempo — muito mesmo — eu continuava me referindo a ela como se apenas estivesse longe ou viajando.

Luto e ausência física

Pelo fato de a família da minha mãe morar em outro estado, não consegui ir ao enterro, e isso ainda me entristece. Não ter podido me despedir dela, não ter abraçado o meu avô, não ter visto meus brinquedos de infância pela última vez — é um sentimento que me angustia, e evito pensar nele com frequência. Um tempo depois, meu avô também faleceu, e novamente não pude estar lá. São dois momentos que doem. Por mais que tenham se passado alguns anos, a saudade que sinto é a mesma de quando recebi a notícia.

Esse foi o meu jeito de lidar com o luto: continuar acreditando que meus avós estão vivos. Mas há quem se perca psicologicamente, como a mãe de Billy; quem se torne mais exigente consigo mesma, como a mãe de Russ; ou quem viva preso aos fantasmas do passado, como Ethan, que, apesar de mudar de escola, de estado e fazer novas amizades, mantém sua alma presa a Hemlock Circle. É importante conhecer a si mesmo e aprender, aos poucos, como seguir em frente.

O mundo não é gentil com meninos diferentes

Essa foi uma das partes mais interessantes, na minha opinião. Trazer crianças que sentem dificuldade em ser compreendidas ou aceitas por serem peculiares faz com que nos sintamos representados e menos esquisitos. Enquanto Billy é fascinado por fantasmas e acredita que eles existem, Ethan, seu melhor amigo, debocha das suas explicações.

Num dia qualquer, Billy vai à biblioteca e, ao acaso, encontra O Livro Gigante de Fantasmas, Espíritos e Outras Assombrações. Todos os meses, desde então, renova o prazo para conseguir lê-lo por completo. No livro, ele descobre os diferentes tipos de fantasmas, como e onde eles aparecem e, o mais importante, quais já foram vistos e quais são apenas criações do cinema. O menino está empenhado em desbravar a floresta em busca de respostas.

O universo particular de cada um

Durante um tempo, fui babá e tive contato com crianças bem diferentes umas das outras, o que me fez admirá-las de um jeito todo especial. Desde a mais calma, que fica no sofá lendo; a que gosta de adrenalina e joga videogame; a que gosta de aventura e pratica diversos esportes; até aquela que segue sendo apenas uma criança comum. Muitas vezes, elas estudam na mesma sala e não fazem ideia do quanto o universo de cada uma é riquíssimo à sua maneira.

Henry gosta muito de dinossauros, o que me fez lembrar do Lucas, um menino de 6 anos que cuidei durante um período. Ele era tão fascinado que tinha vários deles de brinquedo e montava uma espécie de floresta. Quando perguntávamos, ele sabia dizer o nome e explicar sobre cada um deles. Era visível o brilho em seus olhos enquanto falava. Erick, outra criança de quem fui babá, gostava de anime. Assistia a todos os episódios e contava a história como gente grande. Impossível não se encantar com sua alegria contagiante.

Aprendendo a valorizar as peculiaridades

Enquanto Billy lê sobre fantasmas, Henry sobre dinossauros, Russ encontra uma revista antiga do seu irmão e começa a praticar exercícios em seu quarto. Ele precisa aprender a controlar sua raiva. Misty, sua mãe, foi chamada várias vezes na escola porque o garoto se envolveu em brigas. A última delas foi porque seus colegas zombaram da sua mãe, mas, quando ela foi buscá-lo, ele não quis explicar; simplesmente questionou por que ela não podia ser uma pessoa normal.

Num outro momento, a versão adulta de Ethan reflete sobre a importância de incentivar as crianças a mostrarem suas peculiaridades e não apenas tentar se moldar para serem aceitas em um círculo de amigos. E é justamente isso que Russ tenta fazer quando decide ser amigo de Ethan e Billy. O curioso é que os três meninos são esquisitos e, mesmo assim, julgam uns aos outros — o que se conecta com os dias atuais, em que as pessoas agem de acordo com o ambiente e se ajustam para fazer parte de um grupo.

Referências legais que encontrei durante a leitura

Quando soube que a história era ambientada nos anos 1990, isso me encheu de expectativas. Se você foi uma criança que cresceu nessa época, vai gostar de algumas referências. No Meio da Noite é um livro permeado de cultura pop, com menções a bandas de rock, às séries Grey’s Anatomy e Downton Abbey, ao tabuleiro Ouija e até a uma referência indireta ao clássico Ghost, filme com Patrick Swayze e Demi Moore.

Ashley, a babá de Ethan, é uma garota diferente, cheia de estilo e rockeira. A cada dia aparece com uma camiseta nova. É ela quem lhe apresenta bandas que ele nunca ouviu falar, o que deixa o menino deslumbrado e curioso para conhecer aquelas músicas.

O autor traz ainda Goosebumps, a série de livros de R. L. Stine conhecida no mundo inteiro; Walden, ou A Vida nos Bosques; A Casa dos Horrores; e autores como H. P. Lovecraft, Edgar Allan Poe e Stephen King.

Johnny, Russ e Eldest Daughter de Taylor Swift

Johnny é o irmão mais velho de Russ. Ele era considerado um aluno exemplar, sempre tirando boas notas, ganhando medalhas, participando de campeonatos e com um futuro promissor numa universidade bem conceituada. No entanto, o mundo de Misty rui quando seu filho é encontrado morto devido a uma overdose. Ninguém tinha ideia de que ele usava drogas ou enfrentava problemas. O que faz um jovem como ele fugir da própria vida? E como sua mãe, sempre tão cuidadosa e exigente, não percebeu tudo o que estava acontecendo?

Após o choque, Misty decide ser ainda mais cautelosa com Russ e vigiar todos os seus passos. O menino, porém, sente que precisa ser uma versão melhor de Johnny. A questão é que ele não tem nenhum talento, nenhuma habilidade — é apenas um garoto comum, sem amigos, morando no subúrbio. Desde a morte do irmão, Russ foi proibido de entrar no quarto de Johnny; então, quando sua mãe está ocupada cuidando do jardim, ele aproveita a oportunidade para mexer nas gavetas e encontrar algo que possa ajudá-lo a se sentir especial também. É quando encontra uma revista sobre exercício físico, e isso desperta seu interesse.

Pressão familiar e expectativas

Na minha família, somos três irmãs, e eu sou a mais velha. Quando li esse trecho de No Meio da Noite, lembrei da minha infância e adolescência, da pressão para ser um bom exemplo para elas. Meus pais foram muito exigentes comigo em vários aspectos: desde ter bom desempenho no colégio, frequentar a igreja, ajudar na limpeza da casa, até cuidar das amizades. Não tinha permissão para ir a festas, chegar tarde ou beber. Num período, inclusive, estudei em um colégio de freiras.

Lembro de uma situação em que éramos crianças, e minha mãe disse para tomar conta da minha irmã mais nova e não deixá-la cair ou estragar algum brinquedo. Internamente, me questionei: por que eu seria responsável pelo comportamento de outra pessoa?

A conexão com Eldest Daughter

Eldest Daughter, nova música de Taylor Swift, vem de encontro a isso: a expectativa de que a filha mais velha seja forte, responsável e um modelo. Como se tivesse que vestir uma armadura e ser perfeita o tempo inteiro. A vida ensina desde cedo que é preciso ser cautelosa para não se machucar.

Minha teoria sobre Johnny é que ele não suportou a pressão da família, se sentiu sufocado com as cobranças e encontrou nas drogas um jeito de fugir.

Hoje, já adulta, acredito que soube usar algumas dessas experiências para ter mais maturidade. Saí de casa cedo, aprendi a cuidar de mim mesma, fazer escolhas difíceis e seguir o meu próprio caminho. Creio que parte de ser adulto é isso: saber tirar o melhor de cada situação.

Minhas impressões

Esse foi o primeiro livro de Riley Sager que li, e gostei bastante de conhecer a escrita do autor. A maneira como ele descreve o subúrbio, a floresta, o Instituto, os eventos paranormais e as peculiaridades de cada personagem traz à história uma atmosfera melancólica.

Quando as folhas se arrastam pelo quintal, as luzes se acendem ou as bolas de beisebol aparecem no gramado, é impossível não sentir um frio na espinha e imaginar o que pode estar acontecendo. O clima de tensão aumenta a cada página. Fantasmas realmente existem ou Ethan está imaginando tudo? Será que Billy, seu melhor amigo, está lhe pregando uma peça?

Suspense e plot twists

A sequência de plot twists deixa o leitor sem ar. A cada nova revelação, percebemos que nem tudo é o que parece, e somos enganados mais uma vez. Na minha lista, os suspeitos eram um vizinho, depois um integrante da seita e, por fim, o desconhecido camuflado que andava pela floresta. Será que algum deles teria motivo para sequestrar um menino de 10 anos?

Nostalgia e cultura pop

O fato de a história ser ambientada nos anos 1990 e trazer elementos da cultura pop deixou a leitura mais interessante pelo sentimento de nostalgia. Todo fã de rock já ouviu R.E.M. (uma das minhas bandas favoritas) ou Radiohead, assim como grande parte dos leitores conhece o trabalho de Lovecraft ou King. Senti vontade de ser amiga da Ashley, passar horas conversando sobre as músicas que ela mais gosta e pedir indicações.

Fechando a experiência

Quanto ao mistério sobre o que aconteceu com Billy, em nenhum momento imaginei aquele final. As últimas cenas são dignas de cinema; o suspense nos faz prender a respiração e esperar pelo pior. Mas a história termina de uma maneira que aquece o coração, se tornando uma das melhores leituras de 2025.

Após finalizar a leitura, senti um carinho especial pelo Henry. Seu jeitinho peculiar não passa despercebido. Ethan lhe mostra o livro dos fantasmas — será que ele terá a mesma curiosidade que Billy? Seria uma boa oportunidade para uma sequência, concordam?

Muito obrigada à Livraria Leitura e à Editora Intrínseca pela oportunidade de conhecer Riley Sager e ler No Meio da Noite. Gostei muito da experiência!


No meio da noite; Riley Sager; Suspense; Thriller; Editora Intrínseca

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