A Última Carta: amor, perda e a força de continuar

Ana Clara Parreiras

Existem livros que nos emocionam — e há outros que nos destroem por dentro antes de, com delicadeza, nos ensinar a recomeçar. A Última Carta, de Rebecca Yarros (autora de Quarta Asa e Tudo Que Deixamos Inacabado), pertence a essa segunda categoria.

É uma história sobre amor, luto, maternidade e perdão — mas, acima de tudo, sobre o poder das conexões humanas e o que significa continuar quando tudo parece perdido.

Ella é uma jovem mãe solo de gêmeos. Administra uma pousada numa cidade pequena e tenta dar conta de tudo sozinha — contas, filhos, solidão. Enquanto isso, o irmão dela, Ryan, é soldado e está servindo longe de casa. Antes de partir, ele pede que Ella escreva cartas para um amigo de quartel, Beckett, que não tem família.

E é aí que tudo começa.

As cartas entre Ella e Beckett viram uma ponte entre duas vidas muito diferentes. Ele, um militar calejado pela guerra e pelas perdas. Ela, uma mulher exausta, tentando manter as pontas de uma vida difícil.

Contudo, logo no início, a autora dá o primeiro golpe emocional: a filha de Ella é diagnosticada com câncer. O livro muda de tom, o que parecia ser uma história doce se torna uma jornada sobre dor, medo e resistência.

Ella precisa lidar com as contas que não param de chegar, a pousada que está vazia e a doença da filha que ameaça tirar dela o pouco de esperança que restava. Beckett, por sua vez, carrega uma promessa feita a Ryan — e é essa promessa que o traz de volta à vida de Ella, agora em carne e osso. O reencontro entre os dois é cheio de ternura, mas também de segredos. Beckett tem algo que não contou e, assim que a verdade vem à tona, Ella precisa decidir se consegue perdoá-lo.


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Mais do que uma história de amor, A Última Carta fala sobre humanidade: Beckett é um homem cheio de traumas, mas com uma doçura escondida em cada gesto. Ella é a força que sobrevive mesmo quando tudo desmorona. E os gêmeos — Colt e Maisie — são o coração da história, trazendo leveza e esperança em meio ao caos.

Além disso, a autora escreve de um jeito que faz a gente se enxergar nos personagens. Não como heróis, mas como pessoas reais, que erram, caem, recomeçam. Ella cansa, Beckett falha, as crianças sonham, e nós, leitores, sentimos tudo junto com eles. As cartas que dão nome ao livro não são apenas parte do enredo: são o símbolo do que ele representa. São tentativas de dizer “estou aqui”, mesmo à distância.

Os capítulos finais são de cortar o coração. Mesmo esperando a tragédia — e Rebecca deixa claro desde cedo que ela virá — o momento em que ela acontece é um soco no estômago. É impossível não morrer de tanto chorar!!!

Mas, apesar da dor, o livro não termina em desespero. Ele fala sobre recomeços silenciosos, sobre a força que nasce depois que a gente acha que não tem mais nada. Beckett e Ella, cada um à sua maneira, aprendem que amar também é saber deixar ir e que o amor verdadeiro não morre quando o corpo se vai.

Em suma, A Última Carta é, no fundo, uma homenagem à vida e às pessoas que nos ensinam a seguir mesmo quando o chão desaparece. Rebecca Yarros escreve com um coração aberto. Suas palavras têm o ritmo de uma conversa íntima, e cada cena parece feita para ser vivida junto com o leitor.

Se você decidir embarcar nessa história, vá com calma. Leia num canto quieto, longe de barulhos, com tempo para sentir. Porque A Última Carta não é uma leitura qualquer: você vai chorar, talvez soluçar, mas vai fechar o livro com o coração diferente.



Resenhado por Ana Clara Parreiras (@cacaleitura) 📚


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