Yumi e o Pintor de Pesadelos: a fantasia mais delicada de Brandon Sanderson

Maísa Carvalho

Brandon Sanderson, mestre das tramas complexas e dos sistemas de magia intrincados, nos presenteia aqui com algo diferente: uma história de amor delicada, inspirada em animes e ambientada na Cosmere. Mas, ao contrário das narrativas grandiosas que costumamos associar ao autor, Yumi e o Pintor de Pesadelos aposta em intimidade, sensibilidade e pequenos gestos.

A trama acompanha dois personagens que vêm de realidades tão distintas que parecem pertencer a universos diferentes — e, de certa forma, pertencem mesmo.

Yumi, uma yoki-hijo, é uma sacerdotisa dedicada a uma tarefa rígida e solitária: empilhar pedras em padrões perfeitos para atrair espíritos benevolentes. Seu mundo é quente, espiritual, marcado por tradições profundas e rotinas sufocantes. Desde pequena, ela vive para servir, não para escolher.

Pintor, por outro lado, vive em uma cidade fria, iluminada por luzes de néon e tomada por pesadelos que ganham forma física. Seu trabalho consiste em impedir que essas criaturas prejudiquem a população, aprisionando-as com pinceladas rápidas e precisas. É um cotidiano moderno, exaustivo e melancólico.

Quando os dois começam a trocar de lugar entre seus mundos, alternando corpo e consciência de forma involuntária, inicia-se um convívio forçado, mas profundamente transformador. Yumi, disciplinada até a dor; Pintor, cético e desorganizado. Dois extremos que, na tensão de suas diferenças, acabam encontrando espelhos inesperados.

Narrado por Hoid, figura recorrente da Cosmere, o livro adota um tom leve e bem-humorado, por vezes quase travesso. Quem leu Tress, a Garota do Mar Esmeralda vai reconhecer o estilo: piadas afiadas, observações metalinguísticas e um narrador que sabe muito mais do que deixa transparecer.

Os sistemas de magia são mais simples do que o habitual no Cosmere — o que, por consequência, torna o livro perfeito para iniciantes. A história é visual, quase cinematográfica, com elementos que lembram animes como Your Name, A Viagem de Chihiro e Violet Evergarden: cores vibrantes, espiritualidade, brilho, e o contraste entre tradição e tecnologia.

Yumi e o Pintor de Pesadelos é o livro mais suave de Sanderson em muito tempo — e isso é um elogio. É uma fantasia que aposta na emoção antes da grandiosidade, na conexão humana antes da aventura. Uma leitura que aquece, conforta e, ao mesmo tempo, provoca reflexão — quase como assistir a um filme de animação: belo, sensorial e delicadamente inesquecível.


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