“A Saga de Vei” – Resenhando entre amigos

Se Liga na HQ

Letícia Moraes:

Completada em dois volumes lançados no Brasil pela editora Poseidon, selo do grupo Faro Editorial, A Saga de Vei instiga e conecta o leitor ao universo da mitologia nórdica.

Conhecida pelas personificações de deuses como Odin, Thor e Loki, a série em quadrinhos criada pela dupla Sara B. Elfgren e Karl Johnsson nos apresenta o outro lado da moeda: um pequeno povoado regido por gigantes, cujo destino é traçado desde cedo para a batalha.


Ronaldo Gillet:

A Saga de Vei se posiciona com força na tradição contemporânea de obras que recontam a mitologia nórdica para um público moderno, ao mesmo tempo em que traz um frescor único. Para quem já se aventurou no universo de God of War — especialmente as fases que exploram as divindades nórdicas — essa HQ oferece uma experiência parecida, mas com um foco narrativo mais intimista e profundo.

Enquanto Kratos, no jogo, é marcado pela violência e busca de redenção, Vei é uma guerreira cuja força física e emocional caminham juntas numa jornada de autoconhecimento e luta contra um destino incerto.


Letícia Moraes:

Vei é uma jovem Ran, lutadora e integrante do clã de gigantes Veidar, que um dia é lançada ao mar. Sem perspectiva de sobreviver, a garota é resgatada por um barco viking de Midgard, o território dos humanos.

Com sangue de gigantes em sua linhagem, os Ran de cada clã são destinados ao confronto de vida ou morte que celebra o alinhamento das estrelas e a continuidade da paz entre gigantes e os Aesir, seguidores de Odin.

A trama de Vei se torna cada vez mais complexa quando a luta entre os deuses de Asgard e os Ran de cada clã se intensifica para definir o destino do universo.


Ronaldo Gillet:

Assim como em God of War, a HQ humaniza os deuses, tirando-os da aura mitológica para revelar personagens cheios de falhas, motivações e conflitos profundos.

A guerra entre os Aesir e os gigantes de Jotunheim ganha densidade dramática, mostrando que o conflito vai além da batalha física — é um jogo de alianças, enganos e sacrifícios que impacta não só os mundos mitológicos, mas também a própria noção de destino.


Letícia Moraes:

Repleta de simbolismos, mitologia e história, A Saga de Vei apresenta uma ambientação empolgante e fantasiosa durante toda a obra. Uma trama que mistura elementos que vão da paixão ao ódio, da descrença à fé, e que cativa o leitor, trazendo à tona a visão de um grupo esquecido entre os enredos mitológicos.

Com uma arte expressiva e cores fortes, a história nos coloca dentro do núcleo de diferentes personagens, permitindo reconhecer e compreender suas motivações e emoções.

O grande número de figuras presentes na trama e as informações trazidas da mitologia nórdica são compreensivelmente explicadas ao longo da jornada da jovem Ran, preenchendo as lacunas sem recorrer a textos expositivos.


Ronaldo Gillet:

Visualmente, Karl Johnsson realiza um trabalho de altíssimo nível. As cores vibrantes, combinadas com os traços fortes, criam uma atmosfera que mistura fantasia e brutalidade. A ambientação gelada e opressiva de Jotunheim é quase palpável, enquanto as cenas de batalha são desenhadas com impacto e fluidez, tornando cada página quase cinematográfica. Essa harmonia entre arte e narrativa é fundamental para que o leitor sinta o peso emocional da história, acompanhando as dúvidas e forças de Vei com intensidade.


Letícia Moraes:

Acompanhar a saga da vitoriosa Vei por um caminho espinhoso e repleto de perdas deixa o leitor ansioso pela próxima página, capaz de devorar a trama do início ao fim.


Ronaldo Gillet:

Outro destaque da obra é como ela aborda temas atuais sob a ótica da mitologia: a luta pelo poder, a manipulação e a construção de identidades sob pressão divina e social. Vei, como protagonista feminina, desafia estereótipos clássicos, mostrando que força e vulnerabilidade podem coexistir.

Sua trajetória é um símbolo de resistência e questionamento diante de sistemas opressivos — sejam eles divinos ou culturais. Essa profundidade faz do quadrinho uma leitura que vai muito além do épico tradicional, tocando temas universais com sensibilidade e força.

A obra ainda dialoga com outras produções sobre mitologia nórdica, como a série Vikings e diversos quadrinhos de Ragnarök, mas se diferencia ao trazer uma perspectiva feminina autêntica, que combina ação, drama e fantasia num equilíbrio envolvente.

Além disso, a Faro Editorial e seu selo Poseidon merecem elogios por ampliar o acesso a histórias que unem qualidade artística e narrativas inovadoras, fazendo de A Saga de Vei uma HQ indispensável para fãs do gênero.


Adquira as HQ’s da série: Fantasia Nórdica – A Saga de Vei
e Fantasia Nórdica – A Saga de Vei – Vol. 2

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