Do Palácio dos Romanov às Ruas da Carolina do Sul: A Trama de Joias Fatais

Érika Monteiro

Colleen Coble é conhecida mundialmente por seus romances de suspense e ficção histórica. Joias Fatais, seu mais novo lançamento, traz o famoso ovo Fabergé como elemento principal de uma trama ambientada em Beaufort, Carolina do Sul.

Essa cidade lhe é familiar? É a mesma região da história Diário de uma Paixão, do autor Nicholas Sparks. Sabendo disso, é mais fácil se deixar envolver por esse enredo que possui elementos tão peculiares e, ao mesmo tempo, simples, que encantam o leitor desde a primeira página.

A história

Carly Harris é ex-professora de história e, atualmente, trabalha com antiguidades. Ela viaja, participa de feiras e escolhe os itens mais refinados para depois encontrar bons compradores; pessoas que valorizam aqueles artefatos tanto quanto ela.

Ela é casada com o policial Eric Harris, mas seu casamento anda estremecido, em grande parte devido à interferência de Opal, sua sogra, que tenta convencer o filho de que a esposa passa muito tempo fora de casa e isso pode prejudicar o casamento. Em vez de se posicionar, em alguns momentos, ele acaba concordando com a mãe, que acredita que a visita às feiras de antiguidades ocupa muito tempo e que Carly fica longe em grande parte dos finais de semana.

Numa tarde, Carly chega em casa e vê Eric caído no chão: ele foi atingido por um tiro. Mesmo sendo policial, ela não entende o que pode ter acontecido. A polícia local dá início às investigações, porém não descobre nada sobre o possível assassino ou ladrão. A princípio, nada foi roubado ou desapareceu da casa.

Nove meses depois, Carly, agora viúva e mãe solteira, está morando com sua avó Mary em Beaufort, Carolina do Sul. Um dia, mexendo no baú deixado pela sua bisavó, encontra documentos que mostram que sua avó foi adotada e tem uma irmã gêmea. Encontra também um ovo vermelho que se parece muito com o famoso Fabergé. Ela então decide pesquisar na internet mais informações sobre o objeto. Após muita leitura, tem quase certeza de que é um dos ovos perdidos que pertenceram à família imperial Romanov.

O que Carly não sabe é que há muitas pessoas procurando por esse ovo: Roger Adams, dono de um antiquário; Dimitri Smirnov; a máfia russa; Ivan Bury, colecionador de antiguidades; além de policiais desonestos. Será que ela conseguirá mantê-lo a salvo antes de descobrir toda a verdade sobre a família biológica de sua avó? Por que Sofia Balandin abriu mão das gêmeas e desapareceu?

Para ajudá-la nesse desafio, vamos conhecer o investigador de polícia Lucas Bennett, ninguém menos do que o irmão de Ryan Bennett, ex-namorado de Carly na adolescência. O namoro terminou por influência de Lucas, que acreditava que ela estaria enganando seu irmão ao dizer que precisava cuidar das irmãs após a morte da mãe. Será que agora, depois de adultos, Carly e Lucas conseguirão deixar as diferenças de lado e focar na segurança do ovo Fabergé e nas investigações?

Os personagens

Joias Fatais, diferente de A Hora Azul, possui mais personagens, porém menos complexos. Carly é viúva, mãe solteira e está tentando se reencontrar na vida e no mercado de trabalho. Amelia, sua irmã do meio, é casada com Dillard, mas seu casamento parece mais viver de aparências. Emily, a mais nova, tem espírito rebelde, tal como uma adolescente.

A avó Mary é uma senhorinha muito simpática, sempre preocupada em ser agradável com todos e manter família e amigos bem alimentados. Isabelle é meia-irmã de Carly, uma adolescente de 15 anos que guarda muitos talentos, entre eles cuidar de bebês e tocar piano lindamente. Ryan é aquele homem com espírito aventureiro, gosta de viver perigosamente. Lucas, seu irmão mais velho, é atencioso, correto e gentil; qualidades que o tornaram meu personagem favorito.

Alguns personagens aparecem em segundo plano, mas merecem certo destaque pelas reflexões que levantam, como Kelly, investigadora de polícia; Ivan Bury, colecionador de antiguidades; Kyle, pai de Carly; e Sofia Balandin, uma jovem mãe russa que entregou as filhas gêmeas para adoção.

Carly e a “síndrome da filha mais velha”

Carly, desde que sua mãe ficou doente, assumiu as responsabilidades da casa. Além disso, passou a cuidar das irmãs mais novas. Após a morte da mãe, Kyle, seu pai, vai embora e deixa as filhas para trás. A adolescente se vê sozinha, tendo que criar Amelia e Emily e dar todo o suporte necessário. Pela ausência da mãe, Carly se viu obrigada a suprir todas as necessidades das irmãs para que elas não sentissem a falta dos pais.

Isso fez de Carly uma mulher responsável, generosa, perfeccionista, temente a Deus e que pensa no próximo em primeiro lugar. Se fosse possível escolher uma palavra para defini-la, seria altruísmo. Ela é uma pessoa que sempre põe as necessidades dos outros à frente das suas e, muitas vezes, abre mão dos próprios sonhos pelo bem-estar da família.

Se, por um lado, Carly foi a sustentação da família Tucker, por outro, amadureceu muito mais rápido do que as meninas da sua idade. Enquanto outras meninas iam às festas, namoravam e curtiam os amigos, ela se via numa rotina de “mãe” das suas irmãs. Esse foi um dos motivos que levou ao término do seu namoro com Ryan Bennett.

Esse comportamento faz com que Carly seja muito exigente consigo mesma. Quando recebe a herança da mãe ao completar 25 anos, seu primeiro pensamento é dividir o dinheiro com as irmãs, mesmo que seja a única beneficiária. Mesmo sem ter qualquer obrigação, seu senso de justiça a faz pensar nas irmãs, mesmo que elas, depois de adultas, não a tratem da mesma maneira.

Esse senso de responsabilidade presente em Carly é discutido por alguns profissionais como a “síndrome da irmã mais velha”. Ou seja, é quando, desde cedo, os pais esperam que os filhos mais velhos ajudem a cuidar dos mais novos e também nas tarefas da casa. Numa família em que os pais trabalham fora, fica a cargo do mais velho essa responsabilidade.

É interessante pensar que o oposto ocorre com menos frequência. Filhos mais velhos, do sexo masculino, são mais incentivados a fazer estágio, conseguir um trabalho de meio período ou iniciar um curso, do que cuidar dos irmãos mais novos e fazer tarefas de casa. O que nos diz a maneira como meninos e meninas são criados desde a infância? Enquanto elas são incentivadas a cuidar da casa, ser uma boa esposa e ter filhos, eles são instigados a construir uma carreira, ter uma vida financeira estável e alcançar o sucesso.

O crescimento de Carly no decorrer da história nos mostra que, mesmo tendo cuidado das irmãs, doado seu tempo pelos outros, sendo viúva e mãe solteira, ainda assim é possível lutar pelos próprios objetivos e realizar seus sonhos, mesmo que pareçam tão distantes.

Carly e Lucas: uma segunda chance para o amor?

Enquanto Carly é viúva e mãe solteira, Lucas vem de um noivado que terminou por ele ser policial. Sua ex-noiva acreditava que não conseguiria viver todos os dias assustada com o que poderia acontecer a ele no cumprimento do trabalho. Desde então, Lucas decidiu manter o foco na carreira e fazer o melhor possível pela comunidade onde mora. Porém, algo dentro dele muda ao reencontrar Carly, sua antiga vizinha, após tantos anos.

Quando Carly pede sua ajuda para investigar o assassinato do marido, ele fica inclinado a negar; no entanto, algo dentro dele aceita o pedido.

No início, ele continua vendo aquela adolescente, ex-namorada do seu irmão, sempre preocupada com as irmãs. Mas, aos poucos, vai descobrir uma mulher muito mais segura de si, que deixou o passado para trás de certa forma e que não vai medir esforços quando precisar defender a sua família.

A relação entre os dois conquista o leitor por diversos motivos. Enquanto Lucas mantém distância da ex-namorada do seu irmão, Carly se aproxima porque precisa de sua ajuda. Ambos estão vindo de relacionamentos anteriores que não deram certo, tiveram experiências decepcionantes e criaram uma espécie de barreira emocional. No entanto, a convivência mais próxima vai mostrar que o tempo é capaz, sim, de mudar as pessoas.

É interessante perceber como as pessoas, antes de nos conhecerem, têm uma ideia sobre nós. Conforme nos aproximamos, descobrimos que a idealização nada se parece com quem somos de verdade. A relação de Carly e Lucas evolui dessa maneira. Enquanto ela o imagina frio, distante e responsável pelo término do seu namoro, ele acredita que ela é infantil, preocupada com coisas triviais e que estragou seu casamento com Eric, assim como o namoro com seu irmão.

Colleen Coble, no entanto, desenvolve uma relação muito próxima à realidade. Aquela em que cada diálogo, cada experiência compartilhada ou segredo contado é capaz de ir aos poucos diminuindo as barreiras e permitindo que o outro se aproxime sem precisar se defender ou esconder quem somos de verdade. É muito bonito perceber que, mesmo com medo, ambos estão dispostos a fazer dar certo (sem mais spoilers).

Lições sobre relacionamentos que não deram certo

Os relacionamentos, em sua maioria, são complexos, pois, para dar certo, é necessária a dedicação de duas pessoas, e muitas vezes o que acontece é que apenas uma delas se esforça o bastante para que funcione. Em Joias Fatais, a autora mostra quatro situações em que o amor não foi suficiente para manter a relação.

Quando a mãe de Carly adoece, seu pai, Kyle, simplesmente se afasta. Ele acredita não conseguir lidar com as filhas pequenas e a esposa debilitada. É nesse momento que Carly, além de estudar, assume as tarefas domésticas e o cuidado das irmãs. Há um rompimento da idealização do pai como protetor e, mais ainda, como marido presente. Mesmo não havendo uma traição como a conhecemos, há uma desistência do que foi prometido. As promessas dão espaço à mágoa e decepção.

A noiva de Lucas, por sua vez, o deixa por causa do seu trabalho na polícia. Para ela, o fardo de ser esposa de um investigador é muito pesado. Teme que, a qualquer momento, receba uma ligação dizendo que algo de ruim aconteceu com ele. Como poderia ter uma vida tranquila, sempre esperando pelo pior? Então, eles decidem pôr um fim ao relacionamento. Por um lado, ela foi egoísta e priorizou seu bem-estar. No entanto, se analisarmos friamente, percebemos que ela pode estar certa. Para um relacionamento evoluir, é preciso que ambos estejam bem.

O casamento de Amelia e Dillard aparece em cenas isoladas. Mesmo assim, é possível perceber que algo ali não está bem. Um relacionamento entre duas pessoas dá certo quando ambas têm um vínculo e, mesmo assim, conseguem manter a sua individualidade. Ou seja, eles agem como casais ou indivíduos, de acordo com cada situação. O que vemos aqui é o oposto. Tudo o que Amelia faz é para agradar o marido, deixá-lo confortável e fazê-lo sentir-se melhor. Ele, por outro lado, espera uma esposa perfeita, está sempre preocupado com o trabalho e se mostra interesseiro quanto à herança que será deixada pela avó de Carly. É um tanto perceptível sua frieza e ausência de amor.

O casamento de Eric e Carly é repleto de camadas e desperta diversas reflexões. A primeira delas diz respeito a deixar pessoas de fora saberem o que acontece dentro do relacionamento. A relação deixa de ser íntima e passa a ser discutida pelos outros. Opal, mãe de Eric, acredita que, para Carly ser uma boa esposa, precisa ficar mais tempo dentro de casa. Enquanto viaja, participa de feiras e tem contato com futuros clientes, ela se distancia do marido. E isso, de acordo com a sogra, pode acabar com o casamento.

Quanto tempo é necessário para conhecer de verdade uma pessoa? Eric nos mostra que as pessoas sempre podem nos surpreender e que nunca sabemos suas reais intenções, ainda mais quando envolve dinheiro. É possível passar anos convivendo e, mesmo assim, manter uma vida dupla. Por que viver dessa maneira ao invés de simplesmente ser honesto e terminar o relacionamento? Talvez seja pela adrenalina, pela aventura ou pela sensação de experimentar algo novo e diferente.

Um dos pilares que sustenta um casamento é a confiança. Quando esse sentimento se perde, não há mais razão para estarem juntos. Em um determinado momento, Eric age pelas costas de Carly, se aproveitando da sua generosidade e boas intenções. Motivo esse que a faz se afastar de suas irmãs. Um pequeno mal-entendido que estremece a relação das três e a coloca como vilã e egoísta. É possível perdoá-lo após tantos erros? Além disso, após sua morte, Carly descobre segredos que ela sequer imaginou. Sua maior decepção é perceber que estava casada com um completo desconhecido.

Ovos Fabergé e a família imperial russa

Um dos elementos mais fascinantes trazidos por Colleen é a história dos ovos Fabergé. Lembro de ter visto a respeito na escola, quando estudei sobre a Rússia. No entanto, conforme fui lendo Joias Fatais, fiquei curiosa para mergulhar nesse tema e descobrir mais detalhes sobre os outros ovos. É incrível imaginar que há alguns deles perdidos e que historiadores, curiosos e colecionadores do mundo inteiro ainda procuram por eles.


O primeiro ovo foi encomendado pelo czar Alexandre III como um presente de Páscoa para a sua esposa Maria Feodorovna. Ela gostou tanto que todos os anos, a partir de então, um novo ovo era encomendado a Peter Carl Fabergé. De acordo com registros, foram produzidos cerca de 50 ovos entre os anos de 1885 e 1916. O mais interessante dessas peças é que elas guardavam uma surpresa em seu interior, que poderia ser feita de pedras preciosas como quartzo, diamante, jade, ágata e rubi (este último escolhido pela autora).


Diversos jornais noticiaram que um ovo Fabergé foi encontrado num iate apreendido por autoridades norte-americanas em 2022. Se a obra de arte for autêntica, pode valer milhões de dólares. Outros ovos estão expostos em museus em diversos países da Europa, e o público pode viver a experiência de conhecê-los de perto.

Uma jovem russa e as gêmeas

Há quase 70 anos, Sofia Balandin abriu mão das filhas gêmeas porque não tinha condições de criá-las. Durante a gravidez, ela trabalhava em um lugar que não permitia crianças. Caso seus patrões descobrissem, ela seria mandada embora. Como precisava do trabalho, a solução que encontrou foi entregar suas filhas para adoção. Ela não queria, mas foi o melhor naquele momento.


O que Carly descobre após todo esse tempo é que sua avó é uma das gêmeas que foi adotada, e agora seu objetivo é encontrar a sua tia. Será que ela está viva? Sabe que foi adotada ou que tem uma irmã? Esse mistério norteia a protagonista capítulo após capítulo, tornando a leitura ainda mais cativante.

A Carolina do Sul que encanta com suas paisagens

Joias Fatais me conquistou pela ambientação. Quem me conhece há mais tempo sabe o quanto gosto de fotografar, e prestar atenção nesse detalhe em livros e filmes é algo que faço com frequência. A autora escolheu a Carolina do Sul como cenário desse suspense. Logo no início, estamos em Pawleys Island, um lugar pitoresco e charmoso no litoral do estado. Nove meses após a morte de Eric, acompanhamos Carly em Beaufort, outra cidade igualmente charmosa.


Além dessas, vamos conhecer também Tybee Island e Savannah, ambas na Geórgia, e Beaufort, na Carolina do Sul. Quem é fã de Nicholas Sparks lembra que algumas de suas histórias são ambientadas em regiões litorâneas. Diário de uma paixão, Querido John, Um Porto Seguro, O Melhor de Mim são exemplos disso.


É quase impossível ler sem imaginar aquelas casas simpáticas à beira-mar, a maresia, os turistas e o calor da alta temporada de verão. Em vários momentos durante a leitura, fechei os olhos e consegui visualizar as ruas, as árvores, o céu azul, os pássaros cantando ao fundo e a mistura do clima de suspense e romance que a autora soube mesclar de maneira tão primorosa.

Noah

Essa foi a primeira vez que li um livro em que o autor deixa uma criança em evidência com tanta facilidade e doçura. Colleen descreve Noah de uma forma tão delicada, tão gostosa e cativante que ele te conquista logo nos primeiros capítulos. As mãozinhas gordinhas, os pés balançando agitados, o sorriso desdentado, o cabelinho loiro e, claro, os sons que emite sempre que vê alguém de quem gosta, como é o caso de Lucas.


Se fosse para escolher um momento que senti meu coração mais quentinho, seria esse. A relação delicada entre Lucas e Noah. Do jeito que as cenas são descritas, você consegue ouvir os gritinhos de Noah quando Lucas o pega no colo, quando agarra seus dedos e os leva à boca, babando tudo, ou ainda quando emite sons que parecem conversas de gente grande. Numa cena, Lucas brinca dizendo que Noah será um rapaz muito comunicativo. Achei tão engraçado.
Algumas cenas de Noah com Lucas são mais detalhadas e cheias de delicadeza do que dele com Carly, o que me chamou a atenção. Creio que a intenção era mostrar o quanto os dois se deram bem desde o início e como estar perto do bebê mudou a percepção de Lucas em vários aspectos. Como não sentir aquelas mãozinhas gordinhas no seu rosto ou enroscando os dedos no seu cabelo? Conseguem imaginar essas cenas?

Curiosidades

  • Os ovos Fabergé estão expostos em museus ao redor do mundo, entre eles o Museu Fabergé em São Petersburgo (Rússia), o Palácio do Arsenal do Kremlin em Moscou (Rússia), o Museu Fabergé de Ivanov em Baden-Baden (Alemanha), além de exposições temporárias nos museus Victoria and Albert em Londres.
  • Pawleys Island lembra um pouco as paisagens do filme Querido John. Casas enormes, arejadas e de frente para o mar são um convite a reviver um dos muitos romances de Nicholas Sparks. As construções históricas são um charme à parte. A Capela, a Galeria de Arte e o Castelo Atalaya são alguns dos pontos turísticos mais visitados.
  • Tybee Island, localizada na Geórgia, é uma pequena ilha conhecida como “a praia de Savannah” porque fica próxima à cidade. Um dos principais marcos históricos da ilha é o Farol de Tybee, construído em 1736. Este farol é um dos mais antigos dos Estados Unidos e continua em operação até hoje, guiando marinheiros na entrada do rio Savannah. The Last Song, Fly Me to the Moon, The Menu e The Girl from Plainville são alguns dos filmes que tiveram suas cenas gravadas nesta região.
  • Savannah é uma das cidades mais encantadoras e históricas dos Estados Unidos, situada no estado da Geórgia, às margens do rio Savannah. É famosa por seu Distrito Histórico, que contém várias praças arborizadas e ruas com belas construções dos séculos XVIII e XIX. Esse nome é familiar? Chippewa Square foi cenário do filme Forrest Gump, aquele banco onde ele aparece contando sua história.
  • Beaufort é conhecida por suas ruas largas e árvores gigantescas que fazem sombra lindamente. A avó de Carly mora em uma casa histórica com vista para a cidade. No gramado em frente, há duas “árvores dos anjos”. Os “Angel Oaks” são árvores imensas em largura e altura, o que as torna atrações turísticas. O Reencontro (1983), filme com Glenn Close, Kevin Costner, Jeff Goldblum e William Hurt, foi gravado nesta cidade.
  • Charleston é conhecida por sua arquitetura histórica e pelas casas coloridas que dão vida às ruas antigas. No centro da cidade, os casarões com varandas elegantes e jardins escondidos parecem saídos de um romance. Perto dali, no porto, fica o Fort Sumter, onde o primeiro tiro da Guerra Civil foi disparado. Rainbow Row, uma fileira de casas em tons pastéis, se tornou um dos pontos mais fotografados da cidade. E para quem gosta de cinema, Charleston serviu de cenário para filmes como O Paciente Inglês (1996) e O Diário de uma Paixão (2004).

Minha opinião

Joias Fatais, diferente de outros suspenses que já li, foi uma leitura intensa e exigiu mais tempo e dedicação. Isso porque, sempre que via um detalhe sobre a família imperial russa, colecionadores de antiguidades, museus, ovos Fabergé ou aparecia uma cidade da Carolina do Sul, eu pausava a leitura e ia pesquisar. Esse exercício enriqueceu bastante e me fez ter outra percepção sobre o livro.


A escrita de Colleen é simples, cativante e cheia de detalhes que aguçam a curiosidade de um leitor atento. Seja pela ambientação, pela construção dos personagens ou pelos fatos históricos que norteiam o enredo. Mesmo sendo um suspense, o foco esteve presente nos relacionamentos e como eles nos transformam ao longo da vida.


Como filha de pais separados e irmã mais velha, me identifiquei com Carly em diversos momentos. Desde cedo, fui ensinada de que eu era responsável pelas minhas irmãs, que precisava cuidar delas, ficar atenta para que não caíssem e se machucassem, e, se acontecesse algo, a responsabilidade seria minha. Isso fez de mim uma pessoa mais atenta e consciente.
Além disso, também aprendi as tarefas de casa. Minha mãe me ensinou a limpar, lavar/passar roupa, fazer comida, ir ao mercado, pagar contas, tricô/crochê e outras coisas que me tornaram mais responsável. Acredito que ser educada dessa maneira contribuiu para que eu saísse de casa mais cedo do que as minhas irmãs. Mudei para uma cidade grande, consegui um trabalho, prestei vestibular, iniciei uma faculdade, tudo isso sozinha. Senti um frio na barriga em alguns momentos, mas, ao mesmo tempo, tinha coragem para arriscar e fazer dar certo.


Outro aspecto que pontuei são os diferentes relacionamentos ao longo da história e como eles se desenvolvem, provocando o amadurecimento de cada personagem. Uma pessoa pode buscar a própria evolução, mas, quando está numa relação, o outro se torna um espelho, no qual os defeitos ficam evidentes e impulsionam a mudança. Isso acontece entre Carly e suas irmãs; o contato entre elas é tão estreito que as imperfeições se tornam perceptíveis.


Carly e Lucas também têm essa percepção. Quanto mais próximos se tornam, é mais fácil perceber as inseguranças de cada um. E o mais cativante é notar que um contribui para o crescimento do outro, não julgando ou desmerecendo, mas mostrando que é possível ser melhor.
Lucas é um personagem meio quieto, fala pouco, mas percebe tudo ao seu redor. Ele reflete muito antes de falar, é discreto e, ao mesmo tempo, solícito, sempre pronto a ajudar. Foi essa personalidade que me conquistou. Uma das cenas memoráveis de Joias Fatais é quando ele oferece a sua casa para a família de Carly enquanto a dela está sendo reformada. Lucas mora com Ryan há bastante tempo, e de repente a casa é tomada por mulheres, crianças e conversas sem fim. É tocante a maneira como a autora nos guia desvendando suas camadas uma página após a outra.


Muito obrigada pela experiência! Gostei muito de passear pela Carolina do Sul e conhecer lugares tão bonitos e inspiradores.


Até o próximo post,
Érika

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