Feéria

Bruna Cobellas

O livro Feéria mergulha profundamente no estudo das fadas e dos outros seres sobrenaturais que fazem parte do imaginário popular há séculos. Desde o início, o autor nos apresenta sua paixão pelo tema e traça um panorama detalhado das origens mitológicas dessas criaturas, especialmente dentro da tradição britânica. A proposta da obra é catalogar os seres féericos com base em suas características, explorando mitos, contos e lendas que os moldaram ao longo do tempo.

Ao contrário da visão romantizada popularizada pela cultura pop e pela Disney, Feéria mostra que as fadas, elfos e outros espíritos da natureza podem ser seres enigmáticos e até mesmo perigosos. O autor resgata lendas antigas que falam sobre fadas que raptam crianças ou adultos e os substituem por “trocas”, além de histórias sobre objetos misteriosamente desaparecidos, atribuídos às travessuras do Povo do Bem. Na mitologia nórdica, esses seres são divididos entre os elfos da luz e os das trevas, reforçando a dualidade entre beleza e mistério. A presença desses seres nas narrativas antigas mostra que sua relação com os humanos sempre foi ambígua, ora ajudando, ora pregando peças e causando confusão.

O livro também aborda como essas entidades foram retratadas em diversas tradições espirituais e na bruxaria, sendo associadas aos elementais da natureza. Para os praticantes da magia e do ocultismo, compreender as raízes dessas crenças é essencial para uma abordagem respeitosa e consciente ao tentar se conectar com o mundo féerico. O autor enfatiza que essas entidades são temperamentais, e sua interação requer cautela e conhecimento. O respeito por essas forças e a compreensão de sua verdadeira natureza são pontos fundamentais para quem deseja se aprofundar no tema.

Um dos pontos mais fascinantes do livro é a análise de como o povo féerico influenciou a literatura, o cinema e os games. Para os fãs de cultura pop, há referências a obras como O Senhor dos Anéis, onde os elfos são retratados de forma semelhante às descrições antigas, e até mesmo jogos como Magic: The Gathering e God of War, que trazem representações interessantes desses seres. Um exemplo disso é o Elfo Arqueiro Legolas, um elfo de luz, lindo e divino, com seu arco, guiando sua aventura junto aos outros seres da Terra-Média. É muito gostoso ir lendo e identificando, cada vez mais, personagens e histórias vistas em séries e, principalmente, nos games. No jogo Magic: The Gathering, são vistas em seus biomas separadamente: os elfos e as fadas do bioma verde (campo e natureza) e os elfos e as fadas do bioma branco (a luz e o divino). Inclusive, no jogo God of War – Entre no Reino Nórdico, é muito interessante porque realmente entramos nesses dois reinos e conhecemos esses elfos e seres de perto. Eu recomendo jogar o jogo God of War – Entre no Reino Nórdico e, depois, ler esse livro Feéria. Principalmente para quem é da bruxaria e do ocultismo, o game e o livro retratam de perto as lendas e a crença no divino dentro desse prisma religioso e cultural. Essa conexão entre mitologia e entretenimento moderno torna a leitura ainda mais envolvente. O leitor pode perceber como esses mitos antigos ainda ecoam nas narrativas contemporâneas, mostrando a relevância e o fascínio duradouro que esses seres exercem sobre nós.

Além de discutir as características e comportamentos dos seres féericos, o livro também explora suas origens espirituais e seu papel dentro das crenças populares. O autor explica como locais circulares, como anéis de cogumelos e lagos, são frequentemente associados a portais para o mundo das fadas. Ele também menciona períodos específicos do ano, como Beltane e Samhain, nos quais esses seres podem ser mais facilmente avistados ou contatados, e alerta sobre os riscos de interagir com eles sem o devido respeito. A relação entre o mundo das fadas e a transição entre os planos espirituais é um dos aspectos mais intrigantes do livro, oferecendo uma nova perspectiva sobre as crenças e práticas associadas a esses seres.

Outro ponto importante abordado pelo autor é a classificação das diferentes espécies de seres féericos, mostrando como nomes distintos podem se referir a variações da mesma raça. Ele menciona criaturas como os pixies e os brownies, explicando que os primeiros são espíritos selvagens das florestas, enquanto os segundos são formas domesticadas dessas entidades, protetores dos lares. Esse estudo detalhado ajuda o leitor a compreender melhor as diferenças e as semelhanças entre os diversos tipos de seres féericos, ampliando seu conhecimento sobre o tema.

Em sua conclusão, Feéria não se propõe a ser um guia de práticas mágicas com os elementais, mas sim uma obra de estudo e compreensão histórica sobre suas lendas e mitos. Para quem busca rituais ou feitiços, o livro pode não ser a melhor escolha, mas para aqueles que desejam entender a fundo como essas entidades foram retratadas ao longo dos séculos e sua influência na cultura, ele é uma leitura essencial.

A riqueza de detalhes e a pesquisa profunda do autor tornam este livro uma excelente fonte de estudo para quem deseja explorar o folclore e a mitologia das fadas e elfos. A forma como o livro liga as histórias antigas às crenças modernas, sem perder a profundidade histórica, faz dele uma leitura envolvente e indispensável para estudiosos e curiosos do tema.

Recomendo Feéria para estudiosos do ocultismo, apaixonados por mitologia e qualquer pessoa fascinada pelo mundo das fadas e de seus mistérios. O livro proporciona uma visão rica e fundamentada sobre os seres feéricos e sua presença ao longo da história.

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