Filhos de Aflição e Anarquia

Se você não leu ou nunca ouviu falar de Filhos de Sangue e Osso, primeiramente: você está se privando de ter uma das melhores experiências literárias da sua vida. Segundo: me compadeço do seu infortúnio e farei um breve resumo dos dois primeiros livros dessa trilogia MARAVILHOSA para, enfim, falarmos do último livro.
No primeiro livro, conhecemos Orïsha, um país dividido entre pessoas com magia, os maji, e pessoas sem magia — os invejosos (apesar de que, no momento, todo mundo está sem magia, pois o rei de Orïsha deu fim a ela). E, não satisfeito, ele ordenou que os maji fossem caçados e mortos. Aqueles que continuaram vivos foram marginalizados, tornando-se a escória de Orïsha. É nesse contexto cruel que conhecemos Zélie, uma garota que tenta ser forte a todo custo por sua família, por seu povo.
Óbvio: tudo que está ruim pode piorar, já que Zélie esbarra com uma garota fugindo dos guardas reais e tem a brilhante ideia de ajudá-la. Mas veja bem: a garota é nada menos que a princesa de Orïsha, fugindo com um objeto que tem o potencial de trazer a magia de volta!!! Agora, com um duplo alvo nas costas, Zélie e a princesa, Amari, embarcam numa aventura para trazer a magia de volta e acabar com o sofrimento dos maji.
Spoiler: elas conseguem — mesmo com o irmão de Amari atrapalhando a todo custo.
Spoiler: não fica tudo bem.
No segundo livro, Filhos de Virtude e Vingança, a magia finalmente está de volta, mas… ela não despertou apenas nos maji. Nobres que possuíam alguma ancestralidade com os maji agora também possuem magia. Imaginou o caos? Pois é, piora!
Com a notícia de que toda a família real está morta, a princesa precisa convencer seu povo e os maji a apoiarem sua reivindicação ao trono. Ela sonha com uma Orïsha onde todos possam conviver juntos e sem preconceitos.
Uma pena que sua mãe não está morta, como todos acreditaram — e, ao também reivindicar o trono, ela inicia uma guerra gigantesca.
Ah, sim: o irmão de Amari também está vivinho da silva, ainda que inconsciente.
Nessa grandíssima disputa pelo controle do território, amizades são abaladas, juras de morte são feitas e não se pode confiar em ninguém. Com bastante derramamento de sangue dos dois lados, os maji tomam o palácio real, mas uma coisinha besta acontece…
E é aqui que começamos a falar do terceiro livro.
Após uma galera com magia ser sequestrada, Zélie se vê presa em um navio com guerreiros de máscaras de caveira, que traficam seu povo — e ela junto — para longe de sua terra natal.
Essa trilogia é a melhor definição de: tudo que está ruim pode piorar.
Filhos de Aflição e Anarquia é o livro mais tenso dos três. Toda a angústia que senti ao ler o segundo foi triplicada aqui. É um acontecimento atrás do outro, e chegou a um ponto em que eu não tinha certeza se a própria Zélie conseguiria chegar viva ao fim do livro. Foi uma leitura apavorante do início ao fim.
É um livro que não dá pra parar de ler. Eu, que não sou a maior fã de histórias que não têm um respiro entre uma reviravolta e outra, fiquei fissurada, completamente desvairada por tudo que Tomi Adeyemi poderia me oferecer. Essa mulher sabe escrever fantasia como ninguém. O universo que ela criou aqui é fascinante, fantástico — um dos melhores que já tive o prazer de conhecer.
O encerramento da jornada de Zélie e Amari é eletrizante. Desconhecidas que se tornam melhores amigas e que, depois, se tornam completas estranhas, tentando descobrir se ainda existe algo dessa amizade para se salvar. Um mundo completamente destruído por tanto ódio. E o pior questionamento de todos: valeu a pena trazer a magia de volta?
Eu poderia dizer que não tenho palavras para descrever esse terceiro livro, mas você deve ter percebido que palavras não me faltam.
Se você já começou a ler a trilogia, mas está precisando de um empurrãozinho, sinta-se como se eu tivesse te empurrando de um penhasco.
Agora, se você precisa desse empurrãozinho para começar essa trilogia, imagine algo maior que um penhasco.
Entendeu, né?