Mabinogion: embarque nas origens da fantasia

Anel que torna seu usuário invisível, manto da invisibilidade, pessoas que conseguem se transformar em animais, além de nomes como Rhys, Amren, Rhun, Rhiannon e Gwyn são detalhes muito presentes em livros clássicos e modernos de fantasia. E se eu te contasse que eles já existiam desde o século XI, nas mitologias e narrativas fundacionais celtas e galesas? Fica mais um pouco para você descobrir do que eu estou falando.
COLEÇÃO FÉERIA

A editora HarperCollins lançou no Brasil a coleção Feéria, uma seleção sensacional para os amantes de fantasia. Atualmente, estão disponíveis no mercado dois títulos da Feéria Antiga, Mabinogion e Kalevala; dois títulos da Féeria Clássica, O Livro das Maravilhas e A Maravilhosa Terra dos Snergs; e, em breve, será lançada a Féeria Visionária.
Utilizando o pai da fantasia moderna, J. R. R. Tolkien, como marco, podemos definir que a Feéria Antiga reúne mitos e lendas anteriores a ele; a Feéria Clássica conta com obras contemporâneas ao autor de O Senhor dos Anéis; e a Feéria Visionária trará histórias que, inspiradas pelo professor de Oxford e por outros autores clássicos, vislumbram o futuro do gênero e suas novas vozes.
MABINOGION

Eu tive o prazer de ler a obra Mabinogion, com tradução direta do galês antigo feita por Erick Carvalho, ilustrações de Alan Lee — conhecido por ilustrar os livros de J. R. R. Tolkien —, na belíssima edição de colecionador com capa texturizada e páginas personalizadas, que nos ambientam e nos enviam diretamente para a época das onze estórias ali contidas.
A edição tem ainda um detalhe que tornou possível falar corretamente todos os nomes dos personagens em voz alta: um Guia de Pronúncia. E, caso você se confunda em saber quem é Cynan, Cynon, Gwalchmai, Gwarthegydd ou Gwenhwyfar, não se preocupe, pois essa edição também traz um glossário de personagens que pode ser consultado a qualquer momento da sua jornada e te dará uma bela refrescada na memória.
ESTRUTURA DAS ESTÓRIAS
A estrutura dos diálogos e dos textos dos contos foge ao padrão do que normalmente encontramos nas obras modernas. Por exemplo, quando um casal se encontra e combina de se ver novamente dali a um ano, esperamos acompanhar, na linha seguinte, o dia posterior ao encontro, rememorar os detalhes do evento e planejar o que será feito até os 365 dias passarem. Na obra Mabinogion, normalmente, não é isso o que acontece. Os personagens combinam a data do próximo encontro para dali a dias, semanas, meses, ou anos e, na linha seguinte, como mágica, damos um salto temporal e já estamos nesse episódio.
O foco das estórias não é narrar os pormenores do cotidiano dos personagens, mas sim enfatizar aquele evento que vai acrescentar à reputação do herói – normalmente, um duelo para provar quem é o mais heróico, o mais valente ou o mais digno da donzela em questão.
ANTIGUIDADE
Ao embarcar nesse mundo mágico de gigantes, flores que se transformam em mulheres, magia e encantamentos, é importante ter em mente o período em que o livro foi escrito. Isso é necessário porque alguns detalhes das narrativas são exagerados e datados. Alguns exemplos: uma pessoa sentar na cadeira da outra sem autorização e, logo em seguida, partirem para a luta porque um não aceita a autoridade do outro, até que o perdedor peça misericórdia ou saia sem vida; as mulheres terem sempre um papel secundário e objetificado, sendo prêmios de barganhas, dadas como noivas a quem tirou a vida de seu marido e/ou sendo alvo de irritabilidade injustificada, sem autorização para réplica.
Ter o período em mente não torna as ações ali contidas permissíveis, mas, pelo menos, conseguimos compreender, julgar, e considerar que, infelizmente, eram comuns na Idade Média.
CONVITE DE VIAGEM NO TEMPO
A obra como um todo tem um tom cômico, pomposo e divertido, narrando o dia a dia extraordinário dos personagens. Ter a possibilidade de, finalmente, podermos ler em português essa fonte primária de algumas das primeiras narrativas em prosa da língua galesa, até os primeiros relatos das lendas do rei Artur, é inestimável para apaixonados e estudiosos da literatura.
Como, com certeza, sei que você ficou com vontade de ler esse livro, vou te dar uma boa notícia: você não precisa voltar no tempo para os séculos XI ou XIII para vivenciar esses contos — basta apenas adquirir o seu exemplar de Mabinogion e deixar sua mente fazer o resto.
Aline Caldas Ribeiro, elfa alienígena montada em um dragão de palavras
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