Da próxima vez, o fogo
LIVRARIA LEITURA
Mais conhecido por sua obra ficcional, James Baldwin também se destacou como ensaísta, especialmente com o livro Da Próxima Vez, o Fogo, que reúne uma carta ao sobrinho e um ensaio autobiográfico — ambos centrados, sobretudo, no impacto da religiosidade em sua formação.
No primeiro texto, Baldwin escreve ao sobrinho uma carta de amor e alerta, clamando para que ele se proteja diante dos caminhos periclitantes do mundo, especialmente enquanto pessoa negra. São palavras de alguém mais experiente que, movido pelo afeto, oferece conselhos sinceros a quem tanto ama. É impressionante como, em poucas páginas, Baldwin consegue tratar com profundidade — e sem maniqueísmos — temas como a discriminação racial e a busca de cada ser humano por sobreviver em um ambiente inóspito que insiste em fazê-lo perecer. Uma carta verdadeiramente tocante, por meio da qual o amor se torna quase palpável ao leitor.
Na segunda parte do livro, o ensaio autobiográfico, o autor reflete de forma honesta sobre o papel da religião em sua vida e no desenvolvimento de sua personalidade, até o momento em que começa a se descobrir e, por fim, alcançar uma independência que o liberta daquilo que o reprimia em tantos aspectos.
Enfim, uma obra fluida, comovente e profundamente identificável — daquelas que permanecem conosco após a leitura, no mínimo nos fazendo refletir e, quem sabe, redirecionar nossos próprios caminhos.
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