Ainda Não Morri — Um triller acelerado sobre tempo, trauma e segredos de família

Jet é uma jovem de 27 anos que se acostumou a postergar o dia em que começaria a ser feliz. Em Ainda Não Morri, acompanhamos sua jornada depois de sair de um emprego de que não gostava e de largar a faculdade de Direito. A princípio, ela volta para a casa dos pais sem muitas perspectivas sobre o futuro, apenas com a certeza de que sua vida está a segundos de realmente começar.
A noite que vira tudo do avesso
É noite de Halloween e, depois de participar de uma festa à fantasia organizada pelos pais na cidade de Woodstock, ela decide que é hora de voltar para a casa deles. Logo depois, com a companhia apenas do seu cachorro, Jet acaba sendo surpreendida por um ataque após ter a casa invadida, sendo obrigada a lutar pela própria vida.
Ao acordar no hospital, Jet descobre que quase morreu, mas que ficou com uma grave sequela que tirará sua vida no exíguo prazo de uma semana. Os golpes na cabeça que sofreu levaram à formação de um aneurisma fatal. Sem querer esperar pela investigação policial — e com a certeza de que precisa fazer algo concreto com o tempo que lhe resta — Jet resolve desvendar, por conta própria, quem foi o responsável e por que essa pessoa agiu de modo tão violento contra ela.
Uma investigação correndo contra o tempo
Para isso, contará com a ajuda de seu amigo de infância (completamente apaixonado por ela), Billy. Enquanto tenta avidamente ligar os pontos, entre diálogos de humor sombrio sobre a própria morte, Jet se verá enredada em uma teia de segredos da própria família, além de mentiras da cidade onde mora.
A luta contra o tempo se intensifica quando os sintomas do aneurisma vão se agravando. Esquecimento de palavras, dores de cabeça, dormências nos membros do corpo — a autora descreve tudo muito bem, de tal forma que a complexidade emocional e o drama que Jet vive só aumenta. Destaco, inclusive, a própria capa, que traz a imagem de um exame cerebral, conectando o enredo de modo hábil. Essa parte dramática, aliás, é bem trabalhada.
Segredos de família e um desfecho impactante
A cada novo sintoma, a protagonista tem a certeza de que sua vida está minguando: cada minuto é um ponto a menos, tal qual uma ampulheta escoando a areia do tempo. A escrita é envolvente e tem um ritmo ágil, que prende rapidamente. Há também um arco narrativo que traz segredos da família da Jet, incluindo o que realmente aconteceu com sua irmã, que morreu afogada há 17 anos. Embora esse desenvolvimento esteja presente ao longo do enredo, acredito que poderia ter sido melhor costurado nos últimos capítulos.
A escrita de Holly Jackson me conquistou e me deixou viciada no enredo. As tensões familiares, o medo de o prazo terminar sem êxito, as conexões entre Jet e Billy — tudo isso me envolveu muito. O final me deixou atenta aos mínimos detalhes, e ainda me emocionei com o desfecho. Ainda Não Morri foi o meu primeiro contato com a escrita da autora, mas certamente não será o único. Um enredo envolvente, rápido de ler e equilibrado por um tom sarcástico nos diálogos de Jet, que não ofendem, mas aliviam os momentos mais tensos e alucinantes.

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