O Cavaleiro e a Mariposa: Entre a Ruína da Fé e o Despertar da Coragem

Thaís Dória

É essa a pergunta que move O Cavaleiro e a Mariposa.

A vida dedicada aos Agouros

Durante nove anos, Seis serviu como Divinadora na catedral de Traum, dedicando-se a interpretar, por meio de seus sonhos, as visões enviadas pelos Agouros, seres sobrenaturais capazes de prever o futuro e a fortuna. As Divinadoras viviam sob regras rígidas e renunciavam até mesmo ao próprio nome de batismo, passando a ser reconhecidas apenas por números.

No entanto, com a chegada do rei e de seus cavaleiros, uma série de acontecimentos desencadeia um mistério desesperador: o desaparecimento das Divinadoras. A cada noite, uma delas some sem deixar rastros — até restar apenas Seis.

Desesperada e temendo ser a próxima, ela foge ao lado de Rory, um cavaleiro audacioso, iniciando uma busca perigosa por respostas e pela esperança de reencontrar suas irmãs desaparecidas.

Uma protagonista quebrada em reconstrução

Seis é uma jovem cuja fé moldou toda a sua existência. Embora sofra intensamente ao profetizar o futuro, ela acredita que seu dom possui um propósito maior e que sua dor é um preço necessário. No entanto, ao investigar o desaparecimento das Divinadoras e se deparar com verdades que nunca imaginou serem possíveis, sua fé desmorona. Não apenas o mundo que conhecia se revela uma mentira, como ela própria passa a se sentir uma farsa. Sem saber quem é ou qual deveria ser seu propósito, Seis inicia uma jornada de autodescoberta e crescimento, reconstruindo-se a partir dos próprios fragmentos.

Rory, por sua vez, é moldado por um passado doloroso que o tornou destemido e guiado por uma consciência moral inabalável. Apesar de servir ao rei, ele não hesita em contrariar ordens quando acredita estar fazendo o certo. Essa firmeza o transforma em um contraponto interessante à fragilidade interna de Seis.

Um romance que cresce no silêncio

A relação entre os dois se desenvolve por meio de provocações constantes. Eles não chegam a ser inimigos, mas vivem num ritmo de “cão e gato”, sempre testando os limites um do outro. O romance é construído de forma lenta e gradual. Justamente por isso, fica claro que o foco central da história não é o romance, mas sim a jornada pessoal de Seis.

O livro também se destaca pelo elenco secundário marcante: o misterioso Menino-Rei Benji, a leal cavaleira Maude, a engraçada gárgula Bartholomew e, sobretudo, os Agouros, pilares da magia que rege este universo. Cada personagem contribui para ampliar a complexidade do mundo e aprofundar os conflitos pessoais.

Fé, poder e as cicatrizes da verdade

Além de apresentar uma fantasia original e um romance leve e encantador, O Cavaleiro e a Mariposa aborda temas como fé, identidade e a dor de descobrir que pessoas em quem confiamos podem nos decepcionar profundamente. A história mostra como a sede de poder pode levar alguém a fazer qualquer coisa, até mesmo destruir quem está ao seu lado.

Ao revelar mentiras e manipulações, o livro convida o leitor a pensar sobre o que resta quando tudo o que acreditamos cai por terra, e como é possível se reerguer depois de perceber que o mundo — e as pessoas que admiramos — não eram o que pareciam.


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