Aquela que nasceu “Tecelã de Tempestades” e se tornou lenda

Ah, como eu queria que o filme De Repente 30 fosse, na verdade, De Repente 15! Se acontecesse comigo, eu conseguiria me identificar mais com Blaze, a protagonista do livro Tecelã de Tempestades, que enfrenta dilemas da juventude enquanto carrega o peso de um poder devastador.
O livro em si é muito interessante: tem um ritmo legal, personagens cativantes e um universo com grande potencial para os próximos livros. A protagonista, apesar de fazer algumas escolhas imaturas, é uma figura com quem muitos adolescentes certamente vão se identificar.
A questão é apenas uma: é um livro abertamente voltado para o público jovem, e com isso me refiro a uma faixa etária entre 15 e 18 anos.
O começo que trouxe o fim
A história da Tecelã de Tempestades começa com a protagonista revivendo o momento crucial da sua vida: o seu nascimento. No dia em que veio ao mundo, houve uma tempestade que tirou a vida de muitas pessoas, destruiu cidades, afogou animais e causou um estrago gigantesco em Ostacre. Logo descobrimos que quem convocou essa chuva torrencial foi a própria Blaze.
Nesse universo, há quatro divisões de clãs mágicos: os da terra, os do vento, os da água e os do fogo. A Tecelã encara o próprio nascimento como uma surpresa indesejada, porque toda a sua família, inclusive o irmão gêmeo, são exímios manipuladores do fogo, enquanto ela é uma assassina da água. Como consequência desse dia fatídico, Blaze se impõe um autoexílio.
Seus primeiros 16 anos se limitam à fortaleza da sua avó, Harglade, para evitar tanto os olhares de acusação e os apelidos maldosos quanto os perigos que certamente enfrentaria por parte daqueles que buscavam vingança por tudo o que perderam na tempestade.
O décimo sétimo aniversário
A avó Harglade, no décimo sétimo aniversário dos gêmeos, organiza uma festa para apresentá-los à sociedade e convida todos os quatro clãs de magia, além da corte do imperador.
Tudo ocorre bem até que o imperador requisita que os aniversariantes façam uma demonstração de magia. Flint, irmão gêmeo de Blaze, é excelente na manipulação do fogo, mas a Tecelã está apavorada, porque seu poder de invocar uma tempestade se reduziu a invocar uma leve garoa — e todos no recinto iriam testemunhar a queda do poder da assassina a uma mera insignificância.
Como se não bastasse, Blaze tem uma prima insuportável que faz de tudo para humilhá-la e lembrá-la da decepção que representa para a família dos invocadores do fogo. Para piorar, durante a festa, Blaze faz mais uma inimiga, Marina, uma manipuladora da água que passa a atormentá-la desde que seu parceiro de dança, o príncipe herdeiro, escolhe a companhia da Tecelã.
Ao final da festa, ocorre um eclipse — um sinal dos deuses para um evento que estava por vir: a seleção dos quatro representantes mais fortes e jovens de cada reino mágico, que seriam coroados como os novos regentes de cada elemento. Não importa a família na qual você nasceu, mas sim o dom que você manifesta.
E quem foi selecionada entre os aquatori? Pois é: Blaze, a Tecelã de Tempestades, a Cantora da Chuva, a menina exilada que só consegue invocar uma leve garoa… será que ela tem alguma chance de reconquistar esse poder e vencer a disputa?
O futuro que traz o começo
Em uma terra em que o seu nascimento já traça todo o seu futuro e define como as pessoas irão te tratar, será que há alguma escapatória ou destino alternativo? O que fazer quando o príncipe herdeiro demonstra interesse justamente na pessoa considerada a mais perigosa de todos os reinos? Será que ele e a família imperial são todos dignos da coroa? E qual é a identidade da pessoa que, há 11 anos, partiu o reino ao meio trazendo mais desastre e morte do que a tempestade de Blaze?
A autora nos mostra sua habilidade de escrita com reviravoltas, expansão do universo, ganchos e personagens reais que escondem seus sentimentos atrás de fachadas. Apesar de ter atitudes imaturas, a protagonista é cativante e me vi torcendo por ela em vários momentos.
Quem gosta de livros jovens adultos irá aproveitar bastante essa aventura, que mistura um pouco de vários universos que já conhecemos: Jogos Vorazes, A Seleção, Quarta Asa, Corte de Espinhos e Rosas, O Príncipe Cruel e Sombra e Ossos.
Aline Caldas Ribeiro, elfa alienígena imperatriz de um reino de palavras
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