Saboroso Cadáver: quando o horror se torna o prato principal…

Juliano Jacob

O livro Saboroso Cadáver, da autora argentina Agustina Bazterrica, nos transporta para uma distopia visceral, onde o canibalismo foi legalizado após uma pandemia devastadora entre os animais. Nesse mundo brutal, a humanidade transformou-se em carne para consumo, e Bazterrica constrói uma narrativa perturbadora que nos obriga a refletir sobre os limites da moralidade e da sobrevivência.

O protagonista, Marcos Tejo, é um funcionário de um frigorífico que processa seres humanos para alimentação. A autora nos conduz pela rotina implacável desse novo mundo, no qual a violência é naturalizada, e o canibalismo se torna parte do cotidiano. Marcos, apesar de envolvido no processo de abate, tenta manter um distanciamento emocional, mas quando recebe uma “fêmea” de alta qualidade como presente, seu relacionamento com esse ser o leva a uma série de questionamentos éticos e morais.

A visceralidade de Saboroso Cadáver é palpável. As descrições cruas dos abates, caçadas humanas e jantares canibais são chocantes, revelando o lado mais sombrio da sociedade. A autora constrói uma alegoria poderosa sobre consumo e exploração, onde o corpo humano é tratado como mercadoria. A escrita direta e impactante de Bazterrica não poupa o leitor de cenas grotescas, expondo a crueza da condição humana nesse cenário distópico.

Lançado no Brasil pela gloriosa DarkSide Books, o livro se destaca por sua narrativa sombria e envolvente. O estilo macabro e reflexivo da obra encaixa-se perfeitamente no catálogo da editora, que já trouxe ao público diversas pérolas do horror e da fantasia.

Entretanto, Saboroso Cadáver não é um livro para qualquer leitor. A obra contém gatilhos de canibalismo, violência extrema, gore, estupro e crueldade animal, entre outros temas delicados. Bazterrica não suaviza o impacto da história, e o resultado é uma leitura densa e perturbadora que, embora difícil, é impossível de ignorar. Ao longo da trama, o leitor é confrontado com questões profundas sobre humanidade, ética e o valor da vida em um mundo onde a única opção para o consumo de carne é a humana.

Essa distopia cruel, ao mesmo tempo que choca, levanta discussões importantes sobre o impacto da indústria da carne, o capitalismo desmedido e até onde a sociedade pode ir em nome da sobrevivência. Em Saboroso Cadáver, Agustina Bazterrica não apenas nos apresenta um pesadelo distópico, mas também nos faz questionar até que ponto a humanidade pode se degradar.

Com sua escrita visceral e sem concessões, Bazterrica nos serve um prato indigesto, mas essencial para aqueles que se atrevem a explorar os limites do horror literário.


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