Senhor da Luz: quando a rebelião vem do divino
E se um deus se rebelasse contra o paraíso e abrisse guerra com os outros deuses?
Mahasamatman — ou Sam, como é mais conhecido — nunca quis ser um deus, porém, nunca se opôs a isso. Pelo menos até o dia em que se cansou da soberba, egoísmo e opressão dos outros deuses. Criando uma nova religião, passou posteriormente a ser chamado de Buda e, com isso, reuniu um grande exército de adoradores que o seguiram nessa revolução.
Nesta primorosa obra de Roger Zelazny, vemos um sistema dividido em castas e, como toda distopia, os governantes são soberanos que ditam as regras e julgam todos, merecedores ou não, de acordo com suas leis.
Usando de grande tecnologia, estes seres divinos criaram uma máquina capaz de transferir as suas mentes para novos corpos. Assim, eles seriam imortais, vivendo para todo o sempre. E os humanos serviriam para adorá-los ou… serem receptáculos.
Todos os deuses nessa história têm seus títulos e poderes, mas o mais interessante é que são deuses hindus. Com isso, vemos uma riquíssima descrição de vários deuses, como: Buda, Brahma, Vishnu, Shiva, Ganesha, Yama, Kali, entre outros. É espetacular a forma como são descritos os deuses e suas ambientações, o que torna a leitura muito imersiva e mágica. Despertou em mim uma enorme curiosidade sobre a mitologia hindu — tanta que pesquisei bastante sobre a religião, seus mitos e histórias, e fiquei fascinada com tudo que li.
A narrativa da obra é complexa devido aos inúmeros personagens, que muitas vezes não são apresentados. Inicialmente, pode parecer confuso, mas posteriormente essa sensação passa, quando as respostas começam a aparecer e tudo faz sentido de uma forma surpreendente. Vale ressaltar que o primeiro capítulo se inicia no presente, mas os próximos são responsáveis por contar a história de Sam desde o seu primeiro ato revolucionário. Esses capítulos do passado mais parecem uma história contada, como uma lenda que ficou marcada.
A natureza da divindade e sua moralidade perante a humanidade
Senhor da Luz é um clássico da ficção científica que elabora um grande debate sobre religião e ciência, nos fazendo refletir sobre a linha tênue entre as duas e seus conflitos.
Uma obra que inspira a pensar sobre nossas crenças e fé, mas que nos deixa com muitas perguntas sem respostas — e com uma sensação de incerteza sobre o que sabemos ou acreditamos.
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