Uma Correnteza Sufocante

Júlia Helena

Uma Correnteza Sufocante é uma fantasia no estilo dark academia — e sáfica! — sobre uma expedição em busca de uma magia lendária que promete um poder incalculável a quem encontrá-la. Obviamente, existe um rei conquistador que quer essa magia a qualquer custo para garantir seu domínio sobre o reino de Brunnestaad. E é nesse cenário que conhecemos Lorelei, pesquisadora e especialista em folclore, que quer apenas se provar digna diante de um povo que abomina sua existência. Coexistindo entre dois mundos, Lorelei é escolhida para ser a líder da missão juntamente com sua mentora, Ziegler, sua maior rival acadêmica, Sylvia, e outros quatro estudiosos nobres. A coisa toda desanda quando Ziegler é encontrada morta em seus aposentos, e uma coisa fica bem clara: um deles a matou e quer sabotar a missão.

O que mais me fascinou neste livro foi a construção do mundo fantástico, das regras de magia e a descrição de cada elemento. Todo o contexto da criação desse universo é inserido sutilmente na narrativa por meio do folclore, das lendas e tradições, o que traz fluidez e imersão gigantescas para a história.

Confesso que as primeiras 50 páginas foram um pouco difíceis para mim. Mesmo tendo amado o fato de a autora começar de uma forma que passa a sensação de que a história já está correndo há muito tempo e, por acaso, você começou a ler a partir dali, foi levemente entediante. Eu só fui fisgada quando eles vão para a expedição, e é um babado atrás do outro.

Eu li esse livro, praticamente, em um dia. Quando decidi que venceria essas primeiras páginas a qualquer custo (e venci), descobri que não conseguia mais parar de ler. Quando não estava lendo, estava pensando nele. Quando estava lendo, ficava bolando teorias e mais teorias.

Os personagens são bem cinzentos (índole completamente questionável, porém com uma leve pitada de heroísmo) e muitíssimo bem construídos, com várias camadas que me fizeram ficar numa eterna gangorra de pena e desprezo. A maioria deles tem um preconceito descarado por conta da origem dela. Nesse caso, não tem como não sentir um ódio imenso por eles a cada agressão verbal. Mesmo sofrendo mais que a Juliette no BBB 21, Lorelei também não é flor que se cheire. É, sim, dissimulada, mentirosa, ardilosa, traiçoeira — mas ela tem o povo!!! Eu passo esse pano, sim, pois os motivos dela são mais justos que os dos outros (mas não menos egoístas).

O assassinato do começo da história me pegou de surpresa (não lembrava disso da sinopse). Essa coisa de “quem é o assassino?” me fascina muito! E é muito curioso como cada um deles tem motivos suficientes e bastante plausíveis para sabotar os planos do rei. Adoro ficar analisando cada comportamento e especulando quem é o culpado para, no final, eu estar errada (que foi o caso aqui).

A dinâmica entre Sylvia e Lorelei é de arrepiar todos os pelos do corpo. Lorelei carrega um ódio e desprezo enormes por Sylvia, e eu diria que é completamente compreensível. Como uma yeva, a escória de Brunnestaad, ver alguém que representa toda a opressão que seu povo sofre viver como se nada disso existisse é muito revoltante. Esses sentimentos permeiam toda a história, até que Lore começa a perceber que Sylvia não é como o povo de Brunnestaad. É uma baita virada de chave para a cabecinha da nossa protagonista. O ódio por Sylvia era algo bem conhecido, mas esse novo sentimento é nada menos que assustador e extremamente perigoso. Amar Sylvia é uma sentença de morte.

Eu ADOREI ler essa história. Eu quero fazer um outdoor e botar na avenida mais movimentada da minha cidade pra que todos leiam essa obra prima.

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