Krampus, de Gerald Brom: a versão sombria do Natal que você deveria conhecer

Em Krampus: o Senhor do Yule, o autor Gerald Brom utiliza a figura sombria do Krampus para entregar uma fantasia dark que põe em xeque todas as expectativas tradicionais do Natal. Ambientado na véspera das festas de fim de ano, em um vale remoto da Virgínia Ocidental, o músico fracassado Jesse Walker presencia uma cena bizarra e impactante: figuras diabólicas perseguindo um homem de roupas vermelhas e um trenó puxado por renas. Esse é o prólogo que desencadeia uma narrativa visceral sobre vingança, redenção e o confronto entre lenda e realidade. A história erguida por Brom mistura elementos de terror, emoção e sátira. Aqui, não há espaço para um Papai Noel bonachão, mas sim para uma criatura pagã esquecida, o verdadeiro “Senhor do Yule”, que retorna para recuperar aquilo que lhe tiraram.
Brom e a reinvenção sombria do Natal

Gerald Brom, conhecido apenas como Brom, é um artista cuja trajetória envolve ilustração, quadrinhos, games e literatura. Nascido no sul dos Estados Unidos e moldado por experiências em diversos países, sua visão macabra e poética já foi aplicada em obras como The Child Thief, The Plucker e The Devil’s Rose. Sua percepção para o grotesco e o sinistro é aliada a elementos folclóricos. Isso faz de Krampus não apenas um horror, mas uma fábula contemporânea que explora os mitos por trás das tradições, mesclando folclore nórdico e germânico.
Comparado ao filme Krampus (2015), dirigido por Michael Dougherty, as diferenças narrativas são marcantes. O longa-metragem é uma comédia de horror familiar, centrada em uma família que perde o espírito natalino e sofre as consequências quando Krampus aparece para punir aqueles que se desviam do espírito festivo, misturando humor, efeitos visuais e jump scares. Já o livro de Brom é muito mais profundo: ele reimagina a origem das próprias figuras de Papai Noel e Krampus, criando um épico mitológico. O contraste entre a abordagem cinematográfica mais cômica e a narrativa sombria do livro é evidente.
Entre tradição, horror e provocação
Krampus é sangrento, instigante e cheio de nuances, capaz de fazer o leitor tanto torcer por um anti-herói demoníaco quanto refletir sobre tradições culturais. Por fim, não há como falar sobre a obra sem glorificar a Darkside Books pela ousadia de trazer ao Brasil obras tão bem produzidas. Eles não apenas respeitam o trabalho original dos autores, mas elevam a experiência do leitor brasileiro com edições de alta qualidade.

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